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Tancredo Neves, o articulador da redemocratização

Tancredo foi o homem certo no lugar certo e aglutinou as forças democráticas para a superação do regime militar

O primeiro encontro a sós de Tancredo Neves, morto há 30 anos, com o presidente militar João Baptista Figueiredo (1918-1999) ocorreu no início de 1980, quando Tancredo criava o Partido Popular – uma agremiação moderada, apesar do nome, que reunia parte da elite política desconfortável com a continuidade da ditadura. O PP queria ser o partido da transição negociada. 

Tancredo jantou com Figueiredo como forma de convencê-lo a não instituir o chamado voto vinculado, segundo o qual o eleitor tinha de escolher os candidatos de um mesmo partido nos mais diferentes postos em disputa, uma vantagem clara para os nomes apoiados pelos militares. Tancredo fracassou nessa tentativa, e o novo partido foi inviabilizado.

O voto vinculado foi regulamentado para as eleições de 1982. Em resposta, Tancredo fundiu o PP ao PMDB, engrossando a oposição a Figueiredo e ao regime. Quatro anos depois desse episódio, no entanto, Tancredo e Figueiredo estariam juntos de novo, dessa vez, debatendo efetivamente o fim da ditadura militar brasileira (1964-1985). Tancredo encarnou a transição negociada.

A história está na biografia de Tancredo que o jornalista Plínio Fraga prepara (a ser lançada no final do ano pela editora Objetiva) e ilustra o modo como Tancredo conduzia a arte da política. Ele sabia quando deveria dar respostas duras aos seus adversários, mas jamais fechava as portas que pudessem interditar de vez o diálogo. Neste mês, quando se completam 30 anos da redemocratização no Brasil, e o país se encontra novamente dominado pela efervescência política, a trajetória de Tancredo serve de paradigma de conduta para os representantes dos três Poderes da República e é prato cheio de boas histórias para os amantes da arte da política.

Relatos colhidos por ÉPOCA com colegas de Tancredo naquele período de glória e de tragédia ajudam a dimensionar como Tancredo era o homem certo no lugar certo e dão detalhes de como ele se aproximou dos generais da ditadura militar para se transformar num dos personagens principais do Brasil moderno. “Tancredo foi a pessoa, e acho que é uma coisa pessoal mesmo, capaz de aglutinar as forças democráticas que estavam lutando pelo fim da ditadura e pelas eleições diretas, ele era o nome capaz de concorrer com a candidatura que os militares estavam apoiando, o Maluf. Naquele momento, havia outras lideranças, mas ele tinha essa característica de poder realizar essa transição de forma mais suave”, afirma Maria Teresa Kerbauy, cientista política da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Tancredo Neves nasceu em 4 de março de 1910, em São João Del Rei (MG). Em 1928, iniciou o curso de direito pela Universidade Federal de Minas Gerais e retornou para sua cidade natal ao fim da graduação, quando entrou para a política. Foi eleito vereador, deputado federal e assumiu o Ministério da Justiça e Negócios Interiores no governo de Getúlio Vargas, permanecendo no cargo até a morte do presidente, em agosto de 1954. “Quando Getúlio se suicidou, foi Tancredo Neves quem falou no seu túmulo para buscar a estabilidade política”, relembra o ex-presidente José  Sarney. Após a renúncia do presidente Jânio Quadros, em 1961, foi nomeado primeiro-ministro, cargo que ocupou até o ano seguinte.

Com o golpe militar em 1964, tornou-se um dos principais e mais atuantes líderes da oposição pelo MDB, sendo reeleito deputado federal seguidas vezes. Tornou-se senador em 1978 e, com a volta do pluripartidarismo, ajudou a fundar o PP, partido pelo qual continuou a cumprir seu mandato em Brasília, até se lançar e vencer a disputa pelo governo de Minas Gerais em 1982, pelo PMDB. 

Após a derrota da Emenda Dante de Oliveira no Congresso, que instituía eleições diretas para presidente, Tancredo foi o nome escolhido pelo PMDB para a disputa indireta no Colégio Eleitoral. No dia 15 de janeiro de 1985, ele derrotou o deputado federal Paulo Maluf (PP), candidato dos militares, e foi eleito presidente. No entanto, em decorrência de uma infecção generalizada, morreu em São Paulo um dia antes de tomar posse, em 21 de abril de 1985. Seu vice, José Sarney, assumiu o cargo e governou até 1991.

O cortejo fúnebre de Tancredo Neves, em Brasília, em 23 de abril de 1985 (Foto: Wagner Bill/CB)

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