BOMBA!... Bolsonaristas que se cuidem: Transexual ameaça dar nomes de ex-casos héteros que votam em Bolsonaro ...
A comerciante transexual, Lara Pertille, 32, de Paulínia, no interior de São Paulo, ficou indignada ao ver que um ex fez um post no Facebook defendendo o voto em Jair Bolsonaro (PSL) -- "é incoerente sair com trans e defender um candidato que prevê o extermínio da minha classe" -- e resolveu comentar a postagem com a seguinte frase: 'Oi, vamos relembrar nosso passado?'.
Após ter seu comentário deletado por ele, Lara fez uma outra postagem falando sobre hipocrisia e logo em seguida gravou um vídeo que viralizou nas redes -- o cantor Tico Santo Cruz, inclusive, compartilhou em sua página citando outros perfis que também intitula como hipócritas.
No material, ela diz que irá expor o nome de cada homem com quem já ficou caso veja publicações deles em prol do candidato do PSL e continue sendo ameaçada ou desrespeitada. Governantes do interior estão na lista da comerciante, que é filha do ex-vereador Amauri Pértile (DEM). "Podem votar na 'pqp', mas assume que é machista e pare de sair com trans. Incoerência não dá", ela diz.
"Já saí com alguns políticos, inclusive casados, e esses foram os primeiros a me excluírem [da rede social]. Se eu vir postagem incoerente e ofensiva, vou comentar, sim", avisa ela, em entrevista à Universa. "Dá para completar quase duas mãos", diz sobre a quantidade de homens públicos com os quais já se relacionou.
"Vivemos em um país democrático e respeito a justiça eleitoral. Mas caso sofra com chacotas ou ameaças -- como tem acontecido -- não tenha dúvidas, irei expor nome por nome", diz ela, que costuma gravar seus encontros. "Adoro me filmar, é um fetiche que tenho, e as pessoas com quem saio participam disso. E eles sabem que estão sendo filmados porque peço autorização. Não faço nada escondido. Tenho como comprovar tudo, minhas palavras não são ao vento", garante.
Desde a publicação do vídeo na última semana, Lara vem recebendo mensagens perguntando se "ela não tem medo de acordar com a boca cheia de formiga"; "ou morrer na Augusta [referência a rua em São Paulo conhecida por reunir diversos travestis e transexuais]". Ela é direta na resposta: "Tenho medo de morrer todos os dias, mas não pelo vídeo, e sim, por conta da transfobia."
"Somos os que mais matamos travestis (a taxa de homicídios de pessoas transexuais em 2017 foi a maior registrada nos últimos dez anos, de acordo com dados do Mapa dos Assassinatos de Travestis e Transexuais, da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), mas ao mesmo tempo os que mais consomem pornografia trans."
"Os corpos dos transexuais e dos travestis causam fetiche no subconsciente dos homens por conta da objetificação. Mas isso acontece por conta da nossa sociedade heteronormativa que dita com quem o homem dever casar. Aí, surge a curiosidade de 'entender' como funciona esse corpo. É o fetiche da dominação deste corpo e de ser dominado por ele também", afirma ela, que é uma das organizadoras da Parada do Orgulho LGBT de Campinas e diz que até já escreveu um livro não-publicado de poesias.
Em quem votar
"O fato é que não existe salvador da pátria, mas não dá para perder direito adquirido. Tenho que escolher o menos pior", diz ela, que não se vê representada por nenhum candidato. "Ninguém está levantado bandeira ao meu favor. A travesti continua sendo marginalizada. Quero um ministro que defenda igualdade de gênero, mulheres trans, especialmente as trans negras, que são as que mais sofrem. "Lara defende que as políticas públicas visem o acesso ao mercado de trabalho, à educação com respeito ao nome social, o direito a usar o banheiro referente ao gênero que a pessoa se identifica. "Quero que minha classe tenha visibilidade e saia da marginalidade. Ninguém dá protagonismo para gente. Não dá para gay branco ficar ditando regra para travesti. Deixa a mana trans ou travesti falar por ela. Cada um sabe da sua dor. As opressões são diferentes", afirma.
"Sempre fui entravecada"
Filha de uma professora, Lara cresceu no interior e é a caçula de três irmãs. Autointitulada "politizada", ela estudou jornalismo – mas nunca conseguiu emprego na área -- e desde então milita em prol dos direitos de sua classe.
"Sou uma pessoa privilegiada e sei disso. Sou branca, tive acesso à educação, tenho emprego formal, transito livremente socialmente, ou seja, privilégios que as minhas manas trans não têm, e por isso uso meu corpo como uma forma de dar voz a outras pessoas", afirma ela, que garante nunca ter recorrido a prostituição por dinheiro. "Nunca precisei me prostituir, mas não teria problema em fazer, não é um tabu. 90% das trans e travestis são obrigadas a se prostituírem por conta da falta de oportunidades."
Ao contrário da maioria dos trans e travestis, a jornalista sempre teve o apoio da mãe. O pai demorou para aceitá-la, mas atualmente conversam normalmente apesar de não serem próximos. Já as duas irmãs mais velhas excluíram a caçula por não concordarem com sua identidade de gênero.
"Minha mãe sempre foi à frente do tempo dela e tentou me blindar do preconceito como pode. Uma vez, a diretora da escola a chamou para falar sobre o bullying que sofria por conta do 'problema' que tinha e seria bom me levar ao psicólogo. Na hora, ela respondeu apenas que eu era diferente dos outros garotos e que cabia a ela me proporcionar a melhor educação. Ela sempre soube quem eu era e o que seria. Fui uma criança entravecada", diz ela, que explica se reconhecer como transexual mesmo se intitulando como travesti. "Me denomino como travesti para tirar a visão suja que as pessoas têm com a palavra."
Jampa Web Jornal
Fonte:Notícias BOL/UOL/Foto reprodução Facebook/JWJ/Jorge Correia
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