Estudos apontam que dinheiro torna pessoas mais egoístas

A busca pela riqueza quase sempre é retratada na TV e no cinema como algo perverso, como se o dinheiro tornasse as pessoas mais gananciosas e egocêntricas. E talvez haja mais do que uma ponta de verdade nessa representação.

Para o psicólogo social Paul Piff, que estuda a relação entre dinheiro e emoções há quase uma década, ter mais dinheiro faz que você se preocupe menos com os outros e se sinta no direito de colocar interesses próprios em primeiro lugar. Isto é, a grana aumenta o egoísmo das pessoas.

"O dinheiro torna você mais afinado com seus próprios interesses e seu próprio bem-estar", disse o professor-assistente da Universidade da Califórnia, em entrevista à BBC. "De certa forma isso o isola de outras pessoas, psicologicamente e materialmente. Você prioriza suas necessidades e objetivos e fica menos conectado às pessoas ao seu redor."

Em um teste, Piff já havia provado que pessoas com mais dinheiro tinham mais propensão a trapacear em jogos de dados, a comer doces guardados para crianças e menos vontade de ceder seu tempo para ajudar os outros.

"Descobrimos que, quanto mais rica é a pessoa, levando em conta diversas outras variáveis, menos generosa ela é. Já os pobres são bem mais generosos."

Outro teste conduzido por Kathleen Vohs, da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, endossou ainda mais as pesquisas de Piff. Nela, Kathleen derrubava "sem querer" estojos cheios de lápis para saber se as pessoas ajudariam a pegá-los do chão. Antes disso, ela preparou metade do grupo analisado, "alimentando-os" com frases relacionadas ao dinheiro.

Os participantes "preparados" se mostraram menos predispostos a ajudá-la com os lápis. Em outro estudo, essa mesma metade se mostrou menos generosa quando convidada a doar dinheiro. Para a pesquisadora, basta pensar em dinheiro para evocar uma "mentalidade autossuficiente."

Contudo, outras pesquisas trazem conclusões opostas. Um estudo holandês feito com milionários revelou que estes eram mais generosos do que a média, quando se tratava de doar dinheiro. Já outras análises europeias não encontraram elos entre prosperidade e falta de generosidade. No máximo, o oposto: pessoas prósperas tendem a oferecer mais tempo e dinheiro aos demais.

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