Hospitais paulistas testam cirurgia para tratar TOC
No começo deste ano, dois pacientes diagnosticados com transtorno obsessivo compulsivo (TOC) em estágio avançado foram submetidos a um procedimento minimamente invasivo para tratar a doença, no Hospital de Clínicas, em São Paulo. Ambos recebiam tratamento medicamentoso e avaliação comportamental.
Chamado Gamma Knife, o equipamento utilizado possibilita que a radiação seja liberada de maneira focal para o tratamento de lesões cerebrais, sem que o tecido saudável ao redor sofra danos e sem a necessidade de uma cirurgia aberta. O procedimento ocorreu a partir de parceria entre o Instituto de Ensino e Pesquisa do HCor — Hospital do Coração, em São Paulo (IEP HCor) e o Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (IPQ HC ).
Segundo o neurocirurgião chefe do HCor Neuro e responsável pelos procedimentos destes pacientes no hospital, Antonio Salles, o objetivo da utilização do aparelho no tratamento é possibilitar uma desconexão das vias cerebrais responsáveis pela causa da doença.
De acordo com Salles, os pacientes passaram por ressonância magnética na sala híbrida do HCor demonstrando as vias cerebrais envolvidas e, após cálculos elaborados para definição do alvo para Gamma Knife, sob anestesia local, a cabeça do paciente fica segura à mesa de tratamento por meio de uma guia. O processo ajuda a garantir precisão milimétrica, para que a cirurgia seja feita através de feixes de radiação que agem com precisão sobre a via cerebral que está sendo tratada.
O procedimento durou cerca de uma hora e meia e os pacientes tiveram alta no mesmo dia. O efeito dos raios gama ocorre durante seis meses, desconectando as vias cerebrais doentes. E, durante este período, estes pacientes continuarão recebendo terapia no HC-IPQ até o retorno ao HCor para avaliação dos resultados — afirma De Salles.
Nos próximos meses, o hospital irá receber outros pacientes com o mesmo problema para a realização de novos tratamentos.
Estes pacientes foram indicados para realização de procedimento porque os medicamentos não estavam surtindo efeito, já que o estágio da doença era avançado. Eram pacientes totalmente dependentes da família, pois não conseguiam trabalhar, dirigir e até mesmo ter um convívio social— , esclarece Alessandra Gorgulho, Chefe Clínico-Científica do HCor Neuro.
Conhecidas popularmente como “manias”, manifestações do transtorno obsessivo compulsivo, conhecido como TOC, atormentam 4,6 milhões de brasileiros (2,3% da população). Muitas vezes são leves e quase imperceptíveis, mas não raro, são extremamente graves, podendo incapacitar a pessoa para o trabalho e impedi-la de relacionar-se socialmente.
Preocupar-se excessivamente com sujeira, lavar as mãos a todo o momento, evitar o uso de banheiros públicos, revisar repetidas vezes a porta, o fogão ou o gás antes de sair de casa ou ao deitar, necessidade exagerada de arrumar as coisas, são alguns exemplos de manifestações típicas do transtorno.
Jampa Web Jornal com Zero Hora
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