Memórias de um corrupto confesso
Nunca se viu na história das CPIs no Brasil uma confissão tão explícita de corrupção como a de Pedro Barusco, o ex-gerente da Petrobras que, na delação premiada, concordou em devolver a bagatela de US$ 97 milhões. Barusco detalhou na CPI uma história de anos de corrupção, iniciada em 1997 ou 1998, ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso.
Ao vivo e em cores, com uma serenidade incomum para quem é protagonista de um escândalo bilionário, Barusco destoou do que os brasileiros estão acostumados a ver pela TV Câmara nas CPIs. Em vez dos tradicionais “nada a declarar”, “não sei”, “nada consta”, falou do recebimento de propina como quem relata suas realizações de executivo de uma empresa global.
Barusco só fugiu das respostas quando deputados do PT o pressionaram a detalhar a propina que recebeu no governo FH. Alegou que, pelo acordo de delação premiada, não poderia se aprofundar em explicações sobre esse período, mas garantiu que entre 1997 e 2003 a propina era pessoal, acertada diretamente com os fornecedores. Depois, o esquema teria se tornado sistêmico e usado para financiar campanhas.
Barusco reafirmou que as mesmas empreiteiras pagavam propina ao ex-diretor Renato Duque e ao tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. E forneceu um roteiro dos hotéis onde se encontrava com Duque, Vaccari e empresários para tratar de propina. Pelos cálculos do ex-gerente, o PT recebeu entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões de 2003 a 2013.
Como Vaccari foi o tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff em 2010, o depoimento adicionou novos ingredientes na crise que abala o Planalto. Vaccari está na lista do procurador Rodrigo Janot e suas relações serão dissecadas na investigação. Na CPI, ele será pressionado a detalhar o financiamento das campanhas do PT nos últimos anos.
Jampa Web Jornal
Rosane de Oliveira
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