A arte de convidar e de ser (ou não...) convidado

Convidar, ser (ou não!) convidado, exige bom senso e elegância

Como profissional, mesmo que eu seja apenas uma convidada a mais num evento, meu olho treinado não deixa de ver o que está e o que não está funcionando bem. Muitas vezes isso tem a ver com a composição do grupo de convidados. Ou seja, a lista de convidados não foi bem elaborada.

Outro dia, uma conhecida queixou-se de que uma colega de trabalho não a convidou para a festa do casamento dela. Estava ofendida e decepcionada, achando que a amizade, afinal, era falsa. Perguntei se ela conhecia alguém da família da noiva, ou se frequentavam o mesmo círculo de amigos. Não. Só se encontravam mesmo no escritório, nem sabia bem onde a colega morava. Entendi logo que a noiva não a convidou até para protegê-la do constrangimento de ficar sozinha em um cantinho, desambientada, numa festa em que não conhecia ninguém, já que não cabia convidar outros colegas de trabalho só para que a amiga tivesse com quem conversar. 

Nada mais difícil, quando se planeja um evento, seja ele qual for, do que elaborar a lista de convidados. É mesmo uma espécie de quebra-cabeças. Quem já passou por isto sabe! É preciso considerar o espaço disponível, o foco do evento, a qual público ele é destinado, as afinidades e grupos de interesses ou até mesmo as incompatibilidades entre os hipotéticos convidados... ah! e o orçamento! Gostar de alguém e considerá-lo é um critério para convidar, certamente, mas infelizmente é apenas um deles. 

Quando se trata de uma festa informal, para poucas pessoas, em sua casa, há que pensar se as pessoas combinam bem entre si e pode-se convidar por telefone ou email, até uma semana antes, para que as pessoas tenham tempo de se programar e responder se podem, ou não, comparecer. 

Se for de um evento formal, o convite deve ser impresso, enviado com antecedência de trinta dias, com o máximo possível de informações, inclusive o traje que deve ser usado. Escreva-se o nome completo do convidado, sem abreviações e com a grafia correta. Meu Rezende é com "z", ok? Isto demonstra consideração. 

Em festas corporativas costuma-se convidar autoridades, presidentes de entidades, empresas. A pessoa é convidada pelo cargo que exerce, portanto certifique-se de que o cargo ainda está ocupado pela mesma pessoa. Para evitar gafes, ligue para as instituições e confira.

Para um casamento, priorize os amigos e a família. Se a família é muito grande e os amigos são muitos (a maioria apenas conhecidos), selecione levando em conta algumas prioridades. Por exemplo: esse "amigo" já foi à sua casa ou já convidou você? Se não, não precisa ser convidado. Quanto àquela sua enorme família, pode-se, sim, privilegiar alguns membros! Não é necessário convidar todo mundo, até adolescentes e crianças! Você pode convidar só os pais, ou só aquela prima querida que conviveu com você na adolescência, sem convidar todos os outros primos. Dê um telefonema antecipado para os pais, avise que está usando este critério por questão de espaço. Todos devem compreender. Se não compreendem, são indiscretos e não sabem se colocar no lugar do outro. 

Isto nos leva a um outro ponto. Não é apenas para convidar que é preciso conhecer as convenções e ter bom senso e arte.  É preciso "arte", ou elegância, também para aceitar um convite ou para comportar-se quando não convidado.

Não fique ofendido se você não foi convidado quando esperava sê-lo. Sobretudo jamais comente com ninguém que ficou aborrecido e muito menos lance indiretas a quem não o convidou. Assim, na oportunidade adequada, com certeza você será convidado.

É muito importante responder à solicitação de confirmação de presença nas festas, principalmente as que envolvem refeições completas. É por isso que alguns convites ainda trazem a sigla RSVP, e um telefone ou email para contato. Esta sigla é a abreviação de Respondez, s'il vous plâit! Ou seja, "Responda, por favor", em francês. Responda a verdade! Dizer que vai, só por "gentileza", e depois não aparecer atrapalha e é deselegante. Também, nunca leve seu namorado, parceiro, filho, namorado da filha, etc. etc. a um casamento, aniversário ou até evento de empresa, sem que eles tenham sido expressamente convidados. Como organizadora de eventos, já passei por situações muito desagradáveis neste aspecto.

E por aí vai. Este assunto dá pano para manga.  Em outra oportunidade, volto ao tema com outras dicas, ok?

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