Adolescente é absolvido 70 anos depois de ser executado por homicídio nos EUA
A Justiça do Estado da Carolina do Sul (EUA) inocentou um adolescente negro de 14 anos pela morte de duas jovens brancas – 70 anos depois de ter ser considerado culpado e ter a pena de morte executada.
George Stinney foi julgado, condenado e executado em apenas 83 dias após o assassínio de Betty June Binnicker, de 11 anos, e Mary Emma Thames, de 7. Elas foram encontradas mortas num bairro negro na cidade de Alcolu, em Março de 1944. As meninas tinham ferimentos na cabeça, supostamente causados por golpes de barra de ferro.
A família de Stinney acreditou sempre na inocência do adolescente, que teria sido forçado a confessar o crime para servir de bode-expiatório, segundo o jornal The Guardian, «de uma comunidade branca procurando vingar a morte de duas meninas». Ele foi a pessoa mais nova a ter a pena de morte executada nos Estados Unidos no século XX.
Num julgamento na quarta-feira, a juíza Carmem Mullen anulou a sentença anterior e chamou o caso de «um episódio realmente infeliz» na história da Carolina do Sul. Para justificar a sentença que inocentou Stinney, a juíza afirma ter havido «violação dos procedimentos processuais que macularam a sua acusação».
«A confissão simplesmente não pode ser considerada válida e voluntária, dados os factos e circunstâncias deste caso, destacando-se a idade do acusado e sugestionabilidade», disse Mullen.
Ela referia-se ao facto de o adolescente negro ter confessado o crime sem os pais ou um advogado estarem presentes, num interrogatório conduzido por polícias brancos. Ainda, o advogado público designado para defende-lo, Charles Plowde, «fez nada ou muito pouco» para ajudar o réu.
Aime Ruffner, irmã de Stinney, participou como testemunha de defesa no novo julgamento, ocorrido em Janeiro, afirmando que estava com ele na hora em que o crime foi cometido por outrem, porém nunca foi ouvida pela Justiça até então. Os testemunhos de outros dois irmãos de Stinney também ajudaram a provar, 70 anos depois, a sua inocência.
«Nunca voltei [a Alcolu]. Amaldiçoei aquele lugar. Foi lá que a minha família foi destruída e o meu irmão, morto», disse Ruffner.
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