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Algoritmo do JPMorgan descobre se funcionário é desonesto

Nova York - Os traders de Wall Street já são ameaçados por computadores que podem fazer o trabalho deles de forma mais rápida e barata. Agora, os humanos das finanças ganharam mais uma coisa para se preocupar: algoritmos que garantem seu bom comportamento.

O JPMorgan Chase Co., que acumulou mais de US$ 36 bilhões em despesas judiciais desde a crise financeira, está lançando um programa para identificar funcionários desonestos antes que eles sigam pelo mau caminho, segundo Sally Dewar, chefe de assuntos regulatórios para a Europa, que está gerenciando a iniciativa.

Dezenas de entradas de dados, incluindo se os trabalhadores deixam de comparecer a aulas de compliance, se violam regras de negociação pessoal ou se desrespeitam os limites de risco do mercado, serão ingressadas no software.

“É muito difícil para um líder empresarial pegar até centenas de pontos de dados e começar a desenvolver qualquer tópico a respeito de uma mesa ou um trader em particular”, disse Dewar, 46, no mês passado em entrevista.

“A ideia é refinar esses pontos de dados para ajudar a prever padrões de comportamento”.

O programa de vigilância do JPMorgan, que está sendo testado no negócio de trading e se espalhará para as divisões globais de investment banking e gestão de ativos até 2016, dá uma visão do futuro de Wall Street.

O setor, que está se recuperando dos bilhões de dólares em multas recebidas devido a ações de funcionários que manipularam mercados, enganaram clientes e ajudaram criminosos, está recorrendo à tecnologia para se policiar melhor.

Se não fizer isso, estará dando munição para aqueles que pressionam pela separação das operações de trading das dos bancos de varejo.

Unidade de vigilância

No JPMorgan, que tem sede em Nova York e é o maior banco de investimento do mundo em receita, a iniciativa surge após investigações do governo a respeito das vendas de bonds hipotecários fraudulentos, do prejuízo comercial de US$ 6,2 bilhões chamado de London Whale (Baleia de Londres), dos serviços fornecidos por Bernard Madoff, operador de um esquema de pirâmide, e da manipulação dos mercados de câmbio e energia.

A empresa contratou 2.500 profissionais de compliance e investiu US$ 730 milhões nos últimos três anos para melhorar as operações.

Ofertas de empregos mostram que a empresa está formando uma unidade de vigilância para monitorar as comunicações eletrônicas e telefônicas do banco de investimento.

E-mails, chats e transcrições telefônicas podem ser analisados eletronicamente para determinar se os funcionários estão tentando conspirar ou escondem alguma intenção, disse Tim Estes, CEO da Digital Reasoning Systems Inc.

“Estamos adotando uma tecnologia desenvolvida para o contraterrorismo e usando-a contra a linguagem humana, porque é aí que as intenções humanas se apresentam”, disse Estes, cuja empresa tem o Goldman Sachs Group Inc. e o Credit Suisse Group AG como clientes e investidores, mas não o JPMorgan.

“Se você quer ser proativo, você precisa chegar às pessoas antes de elas agirem”.

‘Iniciativa escorregadia’

A vigilância automatizada é necessária para as firmas de Wall Street porque bilhões de e-mails fluem dentro de cada banco anualmente, superando a capacidade das pessoas de monitorá-los, segundo Estes.

Contudo, a tecnologia que prevê o comportamento, como no filme de ficção científica “Minority Report”, de 2002, no qual Tom Cruise interpreta um policial da divisão de pré-crime que caça suspeitos de assassinato antes que eles possam agir, levanta questionamentos éticos.

“O que eles estão tentando fazer é prever o comportamento humano”, disse Mark Williams, um ex-inspetor bancário da Reserva Federal dos EUA que agora é professor da Faculdade Questrom de Negócios da Universidade de Boston.

“Policiar as intenções pode ser uma iniciativa escorregadia. As pessoas vão receber uma letra escarlate por algo que elas ainda não fizeram?”.

A combinação dos novos métodos de vigilância com uma cultura melhorada deverá reduzir as futuras despesas judiciais do banco, disse Williams. Contudo, até mesmo Dewar reconhece que o elemento humano envolve riscos que não podem ser eliminados.

“Nós teremos um nível de confiança muito maior em relação à detecção inicial”, disse ela. “Mas não acho que alguém algum dia poderá dizer que esse nível será de 100 por cento”.

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Hugh Son, da Bloomberg

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