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'The Economist': Zelotes pode ser maior que Lava Jato

Reportagem publicada na última edição do The Economist destaca que a Operação Zelotes, que investiga um suposto esquema de fraudes fiscais de R$ 19 bilhões no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) pode "apequenar" o escândalo de corrupção na Petrobras, investigado pela Operação Lava Jato. 

A Economist destacou que o valor supostamente desviado no esquema, de R$ 19 bilhões, seria suficiente para cobrir 75% de toda a conta com a Copa do Mundo de 2014. "Esse valor é aproximadamente o dobro dos supostos desvios do esquema de corrupção envolvendo a Petrobras", destacou a revista.

Em editorial, o JB já destacou o tamanho da suposta fraude no Carf, questionando por que este escândalo ainda não indignou a sociedade, como o da Petrobras vem indignando:

Se forem verdadeiras as acusações de corrupção no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), que estão sendo vistas pelo povo, pelos responsáveis pela segurança, pelos responsáveis pela vida pública, por todo segmento do Executivo, Legislativo e Judiciário, elas atingem um nível que faz inveja aos últimos acontecimentos da ladroeira de segmentos importantes da vida pública brasileira.

Empresas de todos os segmentos de negócios - bancos, siderúrgica, escritório de advocacia - estariam protagonizando escândalos com cifras impressionantes, e até agora não houve nenhuma manifestação pedindo CPI, ou pedindo a prisão, ou a punição ou mesmo o apressamento da PF em apontar este desvio de quase R$ 19 bilhões do erário público.

O que mais atormenta é que a instituição Receita Federal não está atingida. Seus funcionários, pela dignidade que sempre serviu de exemplo para o país, não são os responsáveis. O que se lê é que a responsabilidade vem de um conselho basicamente indicado por segmentos empresariais. 

Uma pequena reflexão se faz necessária: se a denúncia fosse feita contra a Receita, com o delegado da Receita indicado por um partido político desses que mais vem sendo apontado como responsável pela grande corrupção, o teto brasileiro já teria caído. 

Se for verdadeiro o roubo, as proporções indicadas são 100 vezes maiores que o mensalão e quase dez vezes maiores que o Lava Jato. Mesmo assim, não se vê, não se lê e não se ouve nada a respeito, a não ser o noticiário arroz-com-feijão. 

Onde está a repulsa da sociedade, se tudo isso for verdade? 

Investigação

Entre os investigados pela Polícia Federal na Operação Zelotes está Otacílio Cartaxo, ex-secretário da Receita Federal entre 2009 e 2010, e que presidiu de 2011 a janeiro deste ano o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). 

O genro de Cartaxo, Leonardo Siade Manzan, é um dos sócios da consultoria SBS, que atuaria em processos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o Carf. Na sua casa, foram apreendidos R$ 800 mil em dinheiro.

Operações da Gerdau - suspeita de pagar R$ 50 milhões para eliminar uma dívida de R$ 4 bilhões - e do banco Safra, suspeito de pagar R$ 28 milhões para suspender multa de mais de R$ 700 milhões, teriam passado pela SBS.

De acordo com a investigação, a relação com o sogro dava a Manzan "grande prestígio e influência dentro do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), o que ele exerce sem pudor", segundo revelam os jornalistas Fábio Brandt, Murilo Alves, Andreza Matais e Fausto Macedo, do jornal Estado de S. Paulo.

Os policiais informam, ainda, que Cartaxo, responsável pela pauta de julgamentos do Carf, teria agido diretamente para que o processo de R$ 4 bilhões da Gerdau não sofresse nenhum tipo de adiamento.

Em nota, a Gerdau afirma que a negociação era feita por "escritórios externos" e que o pagamento estaria condicionado ao "êxito e ao respeito à legalidade".

Jampa Web Jornal
Redação: jampawebjornal@r7.com

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