13 coisas que você não sabia sobre Zé do Caixão
Conheça mais sobre o estranho mundo de um dos cineastas mais incompreendidos do Brasil.
Hoje dia 13, José Mojica Marins, o Zé do Caixão, completa 80 anos. Criador de um dos personagens mais icônicos do cenário de terror brasileiro, Mojica é conhecido por sua filmografia macabra, cenas repulsivas (e muito reais) e, é claro, suas longas unhas. Conheça um pouco mais sobre um dos diretores mais originais do cinema nacional:
1) Para os autores de sua biografia “Maldito”, lançada pela editora Darkside, Mojica é “o maior artista multimídia da história do Brasil”. O título não veio à toa: o personagem de Zé do Caixão já foi associado a cinema, TV, livros, rádio, quadrinhos, literatura de cordel, linha de cosméticos, xampus (que foram um desastre, por sinal) e até pinga! Isso muito antes de “transmídia” ser uma palavra da moda.
2) Filho dos espanhóis Carmen e Antônio, Mojica nasceu na Vila Mariana (em uma sexta-feira 13, por sinal), em São Paulo. Seu pai era toureiro na Espanha e, quando chegou ao Brasil, continuou na profissão por um bom tempo – mas com a condição de nunca matar os animais, já que a tourada era ilegal no Brasil.
3) Aos quatro anos, a família se mudou para a Vila Anastácio, que se tornou um reduto para imigrantes de todas as nacionalidades. Antes de aprender a falar, Mojica já sabia “xingar a mãe dos outros em seis idiomas diferentes”, contam os biógrafos André Barcinski e Ivan Finotti.
4) Muito mimado, Mojica sempre teve o apoio dos pais em sua arte – chegaram a vender móveis da própria casa para ajudar o filho a financiar seus longas. Aos 9 anos, já demonstrava um pendor para a criatividade: fazia bonecos de papelão e tecido para seus shows de marionete no porão de casa. Também era diretor de peças do colégio.
5) Quando criança, foi elogiado por ninguém menos que Mazzaropi, na época um artista de circo itinerante. O ator promoveu um concurso de canto em seu bairro, no qual Mojica levou a melhor. Ganhou os louros da vitória e uma capa de toureiro.
6) Popular no bairro (apesar de ter de lidar com valentões de vez em quando), Mojica criou um grupo com seus amigos para fazer cinema. Usando a câmera de 8mm que ganhou de seu pai em seu aniversário de 12 anos, fez seu primeiro “filme”: O Juízo Final, rodado em 1949. Era uma ficção científica sobre alienígenas invadindo a Terra. Eventualmente, o grupinho cresceria e se transformaria em uma pequena produtora de filmes, a Atlas. Para passar credibilidade, Mojica deixou o bigode crescer e se dizia muito mais velho do que realmente era.
7) Foi o criador do primeiro filme brasileiro rodado em Cinemascope, chamado A Sina do Aventureiro. Essa foi a primeira das muitas decepções de Mojica com a ditadura: o longa foi proibido para menores de 18 anos pela Censura, limitando muito suas chances de sucesso de bilheteria.
8) O primeiro filho de Mojica nasceu de um de seus muitos romances fora do casamento. A criança foi batizada como Crounel, em homenagem a Oliver Cromwell, lorde inglês de bastante fama. Anos depois, ao reclamar do nome para a mãe, ouviu como resposta: “dê graças a Deus: teu pai queria te chamar de Estrunguinaldo!”.
9) O criador do Zé do Caixão já fez filme cristão! Meu Destino Em Suas Mãos, um besteirol moralista com final feliz e que envergonhava Mojica, rodado com o simples objetivo de ganhar dinheiro. O problema é que o longa só fez sucesso com o público religioso: teve até sessão especial para freiras e padres, que aprovaram o filme com louvor. Já o resto do público...
10) Zé do Caixão nasceu de um pesadelo terrível: o diretor via-se sendo arrastado por um jardim (que logo descobriria ser um cemitério) por uma figura soturna e sombria. Em determinado momento do sonho, Mojica conseguia enxergar o rosto de seu captor – e era ele mesmo, levando-o para sua própria lápide! Acordou assustado e empapado de suor, mas decidido a mudar o rumo de sua vida: nascia não apenas Zé do Caixão, mas toda sua longa carreira de diretor de terror, gênero ainda inédito no Brasil.
11) Para rodar seu primeiro filme de Zé do Caixão, À Meia-Noite Levarei Sua Alma, os alunos de Mojica – então dono de uma escola de atores, que possibilitou muitas das suas filmagens – “sequestraram” diversas árvores e arbustos do bairro. A ideia era construir uma floresta dentro do estúdio – e deu certo. O filme foi um sucesso estrondoso, mas Mojica não viu um centavo: no desespero de conseguir dinheiro para rodar a produção, vendeu os direito do filme para outra pessoa.
12) A popularidade do Zé do Caixão foi tão forte entre 1967 e 1968 que Mojica estrelou dois programas de televisão, lançou um novo filme (Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver, também um estouro de público, do qual também não reteve os direitos) e até virou personagem de Maurício de Souza na Turma da Mônica, o “José Canjica”.
13) Com a ditadura cortando muito dos seus filmes (isso quando não eram totalmente impedidos de circular), Zé do Caixão só foi realmente sentir o gosto da fama quando recebeu um prêmio por sua obra nos Estados Unidos, nos anos 90. Mentiroso de mão cheia, voltou contando vantagem: entre suas divertidas lorotas, dizia que ia atuar em um filme do Batman e até estrelar um clipe do Metallica.
Jampa Web Jornal
Cláudia Fusco/Galileu
Hoje dia 13, José Mojica Marins, o Zé do Caixão, completa 80 anos. Criador de um dos personagens mais icônicos do cenário de terror brasileiro, Mojica é conhecido por sua filmografia macabra, cenas repulsivas (e muito reais) e, é claro, suas longas unhas. Conheça um pouco mais sobre um dos diretores mais originais do cinema nacional:
1) Para os autores de sua biografia “Maldito”, lançada pela editora Darkside, Mojica é “o maior artista multimídia da história do Brasil”. O título não veio à toa: o personagem de Zé do Caixão já foi associado a cinema, TV, livros, rádio, quadrinhos, literatura de cordel, linha de cosméticos, xampus (que foram um desastre, por sinal) e até pinga! Isso muito antes de “transmídia” ser uma palavra da moda.
2) Filho dos espanhóis Carmen e Antônio, Mojica nasceu na Vila Mariana (em uma sexta-feira 13, por sinal), em São Paulo. Seu pai era toureiro na Espanha e, quando chegou ao Brasil, continuou na profissão por um bom tempo – mas com a condição de nunca matar os animais, já que a tourada era ilegal no Brasil.
3) Aos quatro anos, a família se mudou para a Vila Anastácio, que se tornou um reduto para imigrantes de todas as nacionalidades. Antes de aprender a falar, Mojica já sabia “xingar a mãe dos outros em seis idiomas diferentes”, contam os biógrafos André Barcinski e Ivan Finotti.
4) Muito mimado, Mojica sempre teve o apoio dos pais em sua arte – chegaram a vender móveis da própria casa para ajudar o filho a financiar seus longas. Aos 9 anos, já demonstrava um pendor para a criatividade: fazia bonecos de papelão e tecido para seus shows de marionete no porão de casa. Também era diretor de peças do colégio.
5) Quando criança, foi elogiado por ninguém menos que Mazzaropi, na época um artista de circo itinerante. O ator promoveu um concurso de canto em seu bairro, no qual Mojica levou a melhor. Ganhou os louros da vitória e uma capa de toureiro.
6) Popular no bairro (apesar de ter de lidar com valentões de vez em quando), Mojica criou um grupo com seus amigos para fazer cinema. Usando a câmera de 8mm que ganhou de seu pai em seu aniversário de 12 anos, fez seu primeiro “filme”: O Juízo Final, rodado em 1949. Era uma ficção científica sobre alienígenas invadindo a Terra. Eventualmente, o grupinho cresceria e se transformaria em uma pequena produtora de filmes, a Atlas. Para passar credibilidade, Mojica deixou o bigode crescer e se dizia muito mais velho do que realmente era.
7) Foi o criador do primeiro filme brasileiro rodado em Cinemascope, chamado A Sina do Aventureiro. Essa foi a primeira das muitas decepções de Mojica com a ditadura: o longa foi proibido para menores de 18 anos pela Censura, limitando muito suas chances de sucesso de bilheteria.
Matheus Nachtergaele como Zé do Caixão em série do Space (Foto: Divulgação / Darkside)Matheus
8) O primeiro filho de Mojica nasceu de um de seus muitos romances fora do casamento. A criança foi batizada como Crounel, em homenagem a Oliver Cromwell, lorde inglês de bastante fama. Anos depois, ao reclamar do nome para a mãe, ouviu como resposta: “dê graças a Deus: teu pai queria te chamar de Estrunguinaldo!”.
9) O criador do Zé do Caixão já fez filme cristão! Meu Destino Em Suas Mãos, um besteirol moralista com final feliz e que envergonhava Mojica, rodado com o simples objetivo de ganhar dinheiro. O problema é que o longa só fez sucesso com o público religioso: teve até sessão especial para freiras e padres, que aprovaram o filme com louvor. Já o resto do público...
10) Zé do Caixão nasceu de um pesadelo terrível: o diretor via-se sendo arrastado por um jardim (que logo descobriria ser um cemitério) por uma figura soturna e sombria. Em determinado momento do sonho, Mojica conseguia enxergar o rosto de seu captor – e era ele mesmo, levando-o para sua própria lápide! Acordou assustado e empapado de suor, mas decidido a mudar o rumo de sua vida: nascia não apenas Zé do Caixão, mas toda sua longa carreira de diretor de terror, gênero ainda inédito no Brasil.
11) Para rodar seu primeiro filme de Zé do Caixão, À Meia-Noite Levarei Sua Alma, os alunos de Mojica – então dono de uma escola de atores, que possibilitou muitas das suas filmagens – “sequestraram” diversas árvores e arbustos do bairro. A ideia era construir uma floresta dentro do estúdio – e deu certo. O filme foi um sucesso estrondoso, mas Mojica não viu um centavo: no desespero de conseguir dinheiro para rodar a produção, vendeu os direito do filme para outra pessoa.
12) A popularidade do Zé do Caixão foi tão forte entre 1967 e 1968 que Mojica estrelou dois programas de televisão, lançou um novo filme (Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver, também um estouro de público, do qual também não reteve os direitos) e até virou personagem de Maurício de Souza na Turma da Mônica, o “José Canjica”.
13) Com a ditadura cortando muito dos seus filmes (isso quando não eram totalmente impedidos de circular), Zé do Caixão só foi realmente sentir o gosto da fama quando recebeu um prêmio por sua obra nos Estados Unidos, nos anos 90. Mentiroso de mão cheia, voltou contando vantagem: entre suas divertidas lorotas, dizia que ia atuar em um filme do Batman e até estrelar um clipe do Metallica.
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Cláudia Fusco/Galileu
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