Em busca dos superímãs brasileiros
País obtém pela primeira vez didímio metálico, base para a produção superímãs que podem ser utilizados em geradores eólicos, discos rígidos de computadores e motores de carros híbridos. Entenda por que, embora arriscada, a atividade pode ser considerada promissora.
Fabricação de superímãs é fundamental para maior autonomia na construção de geradores eólicos, motores de carros elétricos e discos rígidos de computadores.
O Brasil obteve, em fevereiro deste ano, por meio de processos metalúrgicos e químicos, seus primeiros 100 (em março já são 500) gramas de didímio metálico – elemento importante para a fabricação de superímãs, peças-chave para a construção de geradores eólicos, motores de carros elétricos e discos rígidos de computadores e smartphones. O projeto, iniciado em 2014, é uma parceria entre o Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT), a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) e a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii).
O Didímio é uma liga de dois metais de terras raras, o Neodímio e o Praseodímio, que são encontrados no rejeito da extração de nióbio, um metal utilizado para produzir aços de alta resistência. “Araxá (MG) é muito especial porque produz duas mercadorias ao mesmo tempo: o nióbio, 2% do minério extraído, e as terras raras, com aproximadamente a mesma concentração de nióbio, que são descartadas no rejeito”, conta o engenheiro metalúrgico Fernando Landgraf, professor da Universidade de São Paulo e diretor-presidente do IPT.
Com vistas ao aproveitamento desse material, a CBMM montou um sistema de processamento químico para gerar óxidos de quatro conjuntos de terras raras encontradas na extração de nióbio, entre as quais o óxido de didímio.. O IPT se encarrega de transformar o óxido de didímio em didímio metálico, importante passo na produção dos superímãs.
O material tem grande potencial econômico. “Os superímãs são muito práticos em projetos de engenharia porque têm uma concentração maior de energia em um volume menor, se comparados a outros tipos de ímã”, avalia Landgraf. Segundo o engenheiro João Batista Ferreira Neto, pesquisador do Centro de Tecnologia em Metalurgia e Materiais (CTMM) e coordenador do projeto, a produção de superímãs poderá incrementar a produção de energia eólica no Brasil.
“Hoje, o país tem 3,1 gigawatts de energia eólica instalados, três em construção e outros cinco outorgados. Há um grande potencial, nessas usinas, de uso dos superímãs”, comemora o cientista.
Atualmente, o país importa ímãs para seus geradores eólicos, e o mercado mundial dos superímãs de terras raras é dominado pela China, que responde sozinha por 90% da produção mundial. É difícil concorrer com seus baixos custos, por isso, o crescimento de concorrentes depende de acordos firmados entre empresas e países que não queiram depender dos chineses e possam pagar um pouco mais caro por essa liberdade (ou pela garantia e estabilidade de fornecimento).
Embora seja difícil prever, a expectativa é de que novas aplicações dos imãs, a exemplo da mobilidade elétrica em carros, trens e outros tipos de transporte, consolide novos produtores, estabilizando os preços dos materiais.
“Além do Brasil, países como África do Sul, Canadá e Austrália também têm projetos para aumentar sua extração de terras raras e produzir superimãs. Com o aumento da demanda, a China não suportará esse mercado sozinha”, ressalta Paulo Wendhausen, engenheiro mecânico e professor da Universidade Federal de Santa Catarina.
Jampa Web Jornal
João Paulo Rossini/Instituto Ciência Hoje/RJ/(foto: domínio público)
Fabricação de superímãs é fundamental para maior autonomia na construção de geradores eólicos, motores de carros elétricos e discos rígidos de computadores.
O Brasil obteve, em fevereiro deste ano, por meio de processos metalúrgicos e químicos, seus primeiros 100 (em março já são 500) gramas de didímio metálico – elemento importante para a fabricação de superímãs, peças-chave para a construção de geradores eólicos, motores de carros elétricos e discos rígidos de computadores e smartphones. O projeto, iniciado em 2014, é uma parceria entre o Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT), a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) e a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii).
O Didímio é uma liga de dois metais de terras raras, o Neodímio e o Praseodímio, que são encontrados no rejeito da extração de nióbio, um metal utilizado para produzir aços de alta resistência. “Araxá (MG) é muito especial porque produz duas mercadorias ao mesmo tempo: o nióbio, 2% do minério extraído, e as terras raras, com aproximadamente a mesma concentração de nióbio, que são descartadas no rejeito”, conta o engenheiro metalúrgico Fernando Landgraf, professor da Universidade de São Paulo e diretor-presidente do IPT.
Com vistas ao aproveitamento desse material, a CBMM montou um sistema de processamento químico para gerar óxidos de quatro conjuntos de terras raras encontradas na extração de nióbio, entre as quais o óxido de didímio.. O IPT se encarrega de transformar o óxido de didímio em didímio metálico, importante passo na produção dos superímãs.
O material tem grande potencial econômico. “Os superímãs são muito práticos em projetos de engenharia porque têm uma concentração maior de energia em um volume menor, se comparados a outros tipos de ímã”, avalia Landgraf. Segundo o engenheiro João Batista Ferreira Neto, pesquisador do Centro de Tecnologia em Metalurgia e Materiais (CTMM) e coordenador do projeto, a produção de superímãs poderá incrementar a produção de energia eólica no Brasil.
“Hoje, o país tem 3,1 gigawatts de energia eólica instalados, três em construção e outros cinco outorgados. Há um grande potencial, nessas usinas, de uso dos superímãs”, comemora o cientista.
Atualmente, o país importa ímãs para seus geradores eólicos, e o mercado mundial dos superímãs de terras raras é dominado pela China, que responde sozinha por 90% da produção mundial. É difícil concorrer com seus baixos custos, por isso, o crescimento de concorrentes depende de acordos firmados entre empresas e países que não queiram depender dos chineses e possam pagar um pouco mais caro por essa liberdade (ou pela garantia e estabilidade de fornecimento).
Embora seja difícil prever, a expectativa é de que novas aplicações dos imãs, a exemplo da mobilidade elétrica em carros, trens e outros tipos de transporte, consolide novos produtores, estabilizando os preços dos materiais.
“Além do Brasil, países como África do Sul, Canadá e Austrália também têm projetos para aumentar sua extração de terras raras e produzir superimãs. Com o aumento da demanda, a China não suportará esse mercado sozinha”, ressalta Paulo Wendhausen, engenheiro mecânico e professor da Universidade Federal de Santa Catarina.
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João Paulo Rossini/Instituto Ciência Hoje/RJ/(foto: domínio público)
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