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Dilma vai virar o jogo


Demonstrações de apoio ao governo e a amplificação da ideia de golpe enfraquecem os símbolos criados pela oposição e mídia contra Dilma. Ela vai virar o jogo.

Os ventos em Brasília mudaram de direção; e se mudaram foi por reflexo dos últimos acontecimentos favoráveis ao governo da presidenta Dilma e contra o seu processo de impedimento que tramita na Câmara.

A primeira constatação é muito simples, mas extremamente simbólica: a fala do ministro do Supremo, Marco Aurélio Mello, reforçando a ideia de que impeachment sem crime de responsabilidade é golpe destroçou a monolítica arma da oposição.

A advogada Janaína Paschoal se disse incomodada com o termo “golpe”. Mas com ele terá de conviver se não houver comprovação da denúncia de que Dilma cometeu qualquer crime – e mesmo o de responsabilidade.

Depois, a saída do PMDB do governo – ainda que aos pedaços, de forma desordenada e antecipada, segundo Renan Calheiros – trouxe um novo ar e novas pretensões para uma máquina administrativa que jamais viveu sem aquele aliado.

O governo está negociando cargos ou substituindo peças que precisa repor? Ou a oposição espera que as vagas deixadas pelos peemedebistas permaneçam inocupadas? A preocupação do PSDB é só uma e já tardia: Dilma planeja preencher as vagas com aliados para o término do seu mandato em 2018 e não somente para enfrentar o impeachment.

A oposição tenta mostrar sistematicamente que o governo acabou. Mas todo mundo já se deu conta de que o travamento da economia tem forte apelo político. E enquanto Brasília estiver em pé de guerra, este país não anda, antes rasteja.

A presidenta da República tem um ministro Chefe da Casa Civil que é o Lula. Embora ainda não empossado pelas liminares e impedimentos que se lhe impuseram, ele é o responsável por negociações favoráveis ao governo.

A mídia, por sua vez, já não consegue vincular Dilma com a Lava Jato, afinal de contas, a presidenta da República não está sendo investigada e contra ela não corre um só processo judicial. O processo de impeachment – é bom se dizer – ocorre pela não aprovação das contas de 2014 do governo e as tais pedaladas fiscais, o que para Reale Jr e Janaína Paschoal, configura crime de responsabilidade.

E para fechar a semana muito melhor do que começou, Dilma recebeu o apoio de artistas e intelectuais no Palácio do Planalto. E mesmo aqueles artistas que não apoiam o governo – como a atriz Letícia Sabatella – foram defender a democracia.

Nas ruas, mesmo quem agora não apoia o governo, mesmo os movimentos sociais que desaprovam algumas atitudes da presidenta foram às ruas para defender o seu voto e a democracia.

É muito sintomática a presença de Chico Buarque num movimento de defesa da democracia exatamente 52 anos depois do golpe militar, quando esta democracia, conquistada a duras penas, volta a ser ameaçada. E é ele, o Chico, um bastião da luta pela redemocratização. É ele que diz: “Golpe de novo não!”

Os deputados de oposição estão insuflando os ânimos para o dia da votação. Esta Comissão do Impeachment, como disse o deputado Silvio Costa (PTdoB), é uma farsa e o relator vai recomendar o impeachment da presidenta. Mas a luta há de ser no plenário da Câmara, por votos.

E a Dilma começa a virar o jogo na reta final.

Jampa Web Jornal  
Fonte: Mailson Ramos/Nossa Política/ Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula

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