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A SECA e as mazelas políticas


O cenário da seca, Sertão adentro, é de descaso, abandono, dor. As gestões municipais desconsideram estudos, previsões, diagnósticos. Resultados de pesquisas científicas com indicadores de ciclos climáticos servem mais para justificar a captação de recursos para elaboração de projetos e programas que não saem do papel, do que para ações reais de prevenção e cuidado com a vida e combate aos efeitos da seca.

As previsões para 2017 é de continuidade da seca na Paraíba e em grande parte do Nordeste, senão em todo. E o povo continua sofrendo as consequências da falta de aplicação de ações para garantir a vida em seus diversos ciclos, e assim poderem sobreviver sem sentir tantos os impactos econômicos e sociais provocados pela estiagem prolongada.

A falta de planejamento fortalece articulações políticas para a liberação de recursos emergenciais alocados em rubricas que deveriam potencializar a riqueza local para a autosustentação comunitária. Mas, em campo, a lógica é perversa. Parece ser calculada para alimentar sistemas que não funcionam, como, Saúde, Educação, Moradia, Segurança.

A miséria é alimentada em períodos longos por meio de programas como Bolsa Família e outros mecanismos de combate à fome. Funcionam no curto prazo e, ao longo dos anos, inibem a proatividade e a auto sustentação . O plantio diminui, os pastos ficam escassos, ou simplesmente deixam de existir, a mata some e os rebanhos morrem. Além disso, os leitos dos rios ficam cada vez mais invisíveis ou totalmente secos e o povo, em agonia, faz de conta que vivem, e até tem medo ou receio de se manifestar para exigir providências das autoridades políticas efetivas medidas no combate aos efeitos da estiagem.

E assim sendo, o cidadão, continua a fortalecer o poder político, continua sendo controlado através de contrapartidas eleitoreiras de enganação. E como todos sabem, o Sertão é alvo histórico nesse processo em praticamente todos os estados que sofrem com os efeitos da seca.
 O Bolsa Família e outros sistemas de manutenção da miséria que possuem relação direta com a falta de produção de culturas tradicionais de roças em cidades do Nordeste brasileiro.

Essas são apenas algumas das razões que fazem com que o grande projeto político durante as campanhas eleitorais seja a capitalização dos votos, se valendo sempre dos sistemas históricos de exploração, herdados do clientelismo, travestido em política inclusiva. Associações, sindicatos, ONGs e coletivos diversos integram um engendrado sistema de captação de recursos construídos em representações de cargos políticos. O intuito é disputar editais forjados, processos seletivos escamoteados, contratação de consultorias técnicas, empregos e cargos arranjados por indicação, num sistema de controle total dos recursos.

Água como moeda

O uso da água como moeda de troca é histórico. A capitalização política da miséria nordestina foi exposta por Josué de Castro como “Nordeste inventado”, na obra Geografia da Fome de 1984.

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Liliana Peixinho Edição: Jorge Correia

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