Uma proposta legítima de um governo ilegítimo
Sempre disse que 90% da crise econômica do país é culpa do Congresso Nacional. É falta de responsabilidade pública do Congresso. Aliás, nos últimos anos a incoerência tem sido a marca do Congresso Brasileiro. Os parlamentares mudam de posição de acordo com os seus interesses e nunca de acordo com os interesses do país.A atual base de sustentação do governo ilegítimo de Michel Temer, cerca de 400 deputados, no dia 1º de fevereiro de 2015 apoiou Eduardo Cunha (PMDB) e Júlio Delgado (PSB) para a presidência da Câmara Federal. Eu votei em Arlindo Chinaglia (PT).
Mesmo conhecendo o histórico político de Eduardo Cunha, e a sua vida pregressa, a maioria – inclusive com o voto de muitos paladinos da ética - elegeu Eduardo Cunha presidente. A partir daquele momento, o governo da presidente Dilma começou a ser chantageado, diariamente, e o ajuste fiscal do Brasil a ser atacado sistematicamente.
Esta base do atual governo ilegítimo, que hoje cobra responsabilidade fiscal, fez de tudo para prejudicar o governo da presidente Dilma. Aprovou, por exemplo, o fim do fator previdenciário, o que iria provocar definitivamente a quebra do sistema previdenciário do Brasil. Aprovou um "pacote de bondades", a chamada "pauta-bomba", que vai gerar um prejuízo ao país, a longo prazo, em torno de R$ 80 bilhões. Tudo isso com o grande objetivo de desestabilizar o governo da presidente Dilma.
À época, com muita honra, eu exercia a vice-liderança do governo da presidente Dilma, uma mulher digna que foi arrancada do poder sem cometer nenhum ato de corrupção. Reiteradas vezes fui à tribuna da Câmara Federal e solicitei que esses parlamentares não trabalhassem contra o país, não prejudicassem as finanças públicas da União.
Algumas vezes eu citei a famosa frase: "a diferença do político para o estadista é que o político pensa nas próximas eleições e o estadista pensa nas próximas gerações". Disse mais: ressaltei que o Brasil estava, e está, em um momento que nunca precisou tanto de estadistas. Sugiro que busquem meus pronunciamentos na Câmara ao longo de 2015 e 2016. Minhas convicções são perenes, são definitivas.
Quando os parlamentares aprovaram o fim do fator previdenciário, a presidente Dilma vetou, mostrando que tinha compromisso com o Brasil e com o ajuste fiscal. Se a presidente quisesse fazer demagogia, não teria vetado, pois, o impacto financeiro até o final do seu governo, em 2018, seria pouco relevante, mas nos próximos dez anos o déficit da previdência chegaria perto de R$ 350 bilhões. Mesmo assim, eles trabalharam para derrubar o veto da presidente Dilma.
Não tenho outra palavra para qualificar a maioria desses parlamentares que compõem a base do governo Michel Temer: são irresponsáveis. Não têm moral para cobrar da atual oposição que, na próxima segunda-feira, vote a favor da PEC 241.
Aprendi a fazer política com coerência, responsabilidade pública e, acima de tudo, respeito às pessoas. Tenho compromisso com o meu país. Tenho compromisso com o futuro das próximas gerações. Sei que se eventualmente a PEC 241 for derrotada, na próxima segunda-feira, o "risco Brasil" irá aumentar e teremos dificuldades de diminuir o desemprego, porque iremos afugentar os investidores.
Quero salientar para aqueles que odeiam os governos do presidente Lula e da presidente Dilma que o desajuste fiscal no Brasil, lamentavelmente, é histórico, sobretudo por conta das posições corporativistas e demagogas do Congresso Nacional. O Congresso, ao longo dos anos, tem sido tão irresponsável que já na Constituição de 1988 os constituintes criaram a aposentadoria rural, ao meu ver uma política de inclusão social justa, mas esqueceram de dizer quem pagaria a conta.
A maioria dos parlamentares federais pensa que o Estado brasileiro pode tudo e esquece que o Estado tem receitas e despesas, exatamente igual a qualquer família brasileira que quando as despesas aumentam não tem outra solução a não ser cortá-las.
Quero me dirigir aos meus atuais companheiros de oposição do PT, do PCdoB e do PSOL. Acho que não podemos perder este momento histórico e dar exemplo ao país. Devemos repensar alguns valores da esquerda. Precisamos ter grandeza e, mesmo com a dor de quem sabe que a democracia brasileira foi violada, deveríamos administrar as nossas feridas e votar a favor da PEC 241, para que amanhã a gente entre na história como uma nova esquerda, uma esquerda que, diferente deles, pensou no país.
Lembro aos meus companheiros de oposição que o ex-presidente Lula, por algumas vezes, chegou a sugerir o nome de Henrique Meirelles para compor o governo da presidente Dilma. Infelizmente, não foi possível construir na política. Ratifico que, por diversas oportunidades, conversei com os competentes ex-ministros Nelson Barbosa e Joaquim Levy e ambos tinham como meta prioritária o ajuste fiscal, porém, sempre registravam a falta de apoio congressual.
Vou fazer oposição a este governo golpista de Michel Temer até o dia 31 de dezembro de 2018. Não é correto o ataque que eles fizeram à democracia. Tomaram o mandato da presidente Dilma, rasgando a Constituição, mas declaro que, pelo meu país, na próxima segunda-feira vou votar a favor da PEC 241. E, ao mesmo tempo, registro a minha homenagem aos ex-ministros Nelson Barbosa e Joaquim Levy.
Jampa Web Jornal
Fonte:Brasil247/Silvio Costa é deputado federal (PT do B/PE)/Foto: Agência Senado






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