ESCÂNDALO: Facebook cria menu para gerir perfis com poucos cliques

Dados de milhões de pessoas teriam sido usados por consultoria para favorecer Trump nos EUA

Mark Zuckerberg publicou desculpas, mas não convenceu nem público nem autoridades.

Mergulhado em um escândalo envolvendo a utilização irregular de dados que já significou a perda de US$ 100 bilhões em valor de mercado em menos de duas semanas, o Facebook anunciou nesta semana uma série de mudanças na política de privacidade para dar aos usuários mais controle sobre suas informações. Antes da entrada em vigor da nova regulação da União Europeia sobre proteção de dados, em maio, a rede social vai incluir um novo menu que permitirá editar informações que os usuários compartilham e deletar dados. Também possibilitará que baixem seus dados e transfiram para outros serviços.

“A última semana mostrou o quanto precisamos trabalhar para garantir que nossas políticas sejam respeitadas, e ajudar as pessoas a entender como o Facebook funciona e as escolhas que elas têm sobre seus dados”, afirmaram, em comunicado, Erin Egan, vice-presidente responsável pela privacidade do Facebook, e Ashlie Beringer, diretora jurídica adjunta da rede social.

As modificações surgem após o aplicativo “thisisyourdigitallife” ter capturado dados de 50 milhões de pessoas, que teriam sido usados pela consultoria Cambridge Analytica para favorecer a eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos em 2016.

O menu de configurações em dispositivos móveis foi redesenhado. Em vez de as ferramentas ficarem em quase 20 diferentes telas, elas estarão em um único lugar. Estará claro “quais informações podem ou não ser compartilhadas com apps”, disseram Egan e Ashlie.

O Facebook criou também o novo recurso “Atalhos de Privacidade”, um menu onde, segundo a rede, será possível que o usuário gerencie dados em alguns cliques, com explicações sobre como os controles funcionam. Pela página “Acesse Sua Informação”, os usuários poderão acessar e gerenciar dados como publicações, reações e comentários, além de temas pesquisados, podendo excluir qualquer coisa da sua linha do tempo ou perfil.

A rede social diz também ter tornado mais fácil o download das informações do usuário. “Você pode fazer o download para ter uma cópia de segurança, ou transferir os dados para outro serviço. Isso inclui fotos, contatos que você adicionou à sua conta, postagens da sua linha do tempo e mais”, afirmaram.

Mais mudanças. O Facebook disse ainda que, nas próximas semanas, vai propor atualizações dos termos de serviço da plataforma, incluindo o compromisso da rede social com as pessoas. Também devem atualizar sua política de dados para detalhar melhor quais informações são coletadas e como são usadas pela rede.

A empresa ainda anunciou, anteontem, que vai encerrar suas parcerias com grandes provedores de dados que ajudam anunciantes a enviar propaganda segmentadas para usuários. É possível enviar propaganda levando em conta faixa de renda, atividade profissional e padrão de consumo, por exemplo.

Os fins e os meios. Vazou um memorando escrito há dois anos por Andrew Bosworth, alto executivo do Facebook, que aponta que a rede social estava determinada a crescer apesar dos riscos para seus usuários.

O NOVO “ATALHOS DE PRIVACIDADE”
Nesta área, o usuário do Facebook poderá:

Adicionar mais camadas de proteção à sua conta, como a autenticação de dois fatores (mesmo tipo de verificação em duas fases que o WhatsApp já oferece, só que ligeiramente diferente). Se o recurso for ativado e alguém tentar fazer login na sua conta de um dispositivo que o Facebook não reconheça, o usuário receberá uma solicitação para confirmar se foi ele mesmo;

Revisar o que compartilhou e excluir qualquer coisa. Isso inclui publicações compartilhadas ou às quais reagiu, solicitações de amizade enviadas e pesquisas feitas no Facebook;

Controlar os anúncios que vê, gerenciando as informações que a rede social usa para mostrar propaganda. As preferências explicam como funcionam os anúncios e as opções que o usuário tem;

Gerenciar quem vê suas publicações e informações de perfil. Essas atividades já eram possíveis, mas, segundo comunicado do Facebook, usuários “as configurações de privacidade e outras ferramentas importantes são difíceis de encontrar”.

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Fonte:O Tempo/Redação: Jorge Correia