MOVIMENTO SEPARATISTA: Pede a separação de São Paulo do Brasil
Eles já têm moeda própria, uma nova bandeira e o uniforme da futura seleção de futebol. A ambição é se tornar a "Coreia do Sul das américas" e criar uma nação "igual a Dinamarca". Assim se posiciona o São Paulo Livre, movimento que tenta espalhar a ideia de um Estado independente do resto do Brasil, ou, "na pior das hipóteses", mais autonomia do que os outros 26 entes federados.
O grupo separatista nasceu com três membros em 2014, potencializado pela derrota do Brasil na Copa do Mundo. Em três anos, adquiriu 26 mil seguidores nas redes sociais e hoje, os fundadores viajam pelo Estado realizando palestras e cursos sobre a emancipação das terras que formam o território paulista.
"São Paulo está, há várias décadas, sofrendo genocídio cultural. Nós somos apagados, não se ensina cultura paulista nas escolas. No meu tempo, eu dançava quadrilha na escola, que é originalmente uma festa paulista. Meus filhos hoje dançam maracatu. Por que maracatu?" questiona Flávio Rebello, fundador do São Paulo Livre.
O conceito de genocídio cultural está ligado ao etnocídio que, na verdade, é a destruição da civilização ou cultura de uma etnia por outro grupo étnico. Está ligado a questão dos indígenas, principalmente da América do Sul, que foram subjugados pelos colonizadores espanhóis e portugueses e tiveram que se submeter a religião e aos costumes dos europeus.
"Não estou falando que o povo paulista é melhor ou pior que os brasileiros. Nós somos diferentes. Culturalmente, nós estamos mais próximos de norte-americanos do que efetivamente de latinos e brasileiros, porque nós queremos o sucesso e buscamos o sucesso por esforço individual. Por isso que Bolsa Família e esse tipo de coisa não cola em São Paulo, é desagradável o próprio conceito disso por aqui", afirma Rebello.
Dados do Ministério do Desenvolvimento Social apontam que o Estado de São Paulo possui 1.600.868 famílias beneficiadas pelo Bolsa Família, aproximadamente 9% da população. O programa é voltado para famílias em situação de pobreza extrema (com renda mensal de até R$85 por pessoa) e de pobreza (com renda mensal entre R$85,01 e R$170,00 por pessoa).
Segundo a secretaria de Desenvolvimento Social, o Estado possui 1,5 milhão de famílias em situação de pobreza e extrema pobreza atendidas pelo Bolsa Família. No período de crise econômica, São Paulo ampliou reforços para garantir a cobertura dessas famílias, com aumento de 15% do programa nos últimos quatro anos.
O Bolsa Família atende famílias com renda per capita de até R$ 85 mensais, ou famílias com renda por pessoa entre R$ 85 e R$ 170 mensais, desde que tenham crianças ou adolescentes de até 17 anos.
Inspiração
Segundo Rebello, a maior inspiração do grupo é o movimento catalão, na Espanha. A Catalunha, deu início a um processo de separação controverso no ano passado, por meio de um plebiscito julgado como ilegal pelo governo espanhol, que acabou suspendendo a autonomia do Estado e anunciou novas eleições regionais.
Historicamente, no entanto, a Catalunha possui um histórico separatista e, inclusive, cultiva nas escolas um idioma diferente do castelhano, a língua oficial do país.
"Todos os males de São Paulo vêm da legislação. Não basta a gente se separar, o objetivo é literalmente começar do zero, passar uma linha no chão e falar: o código penal não vale mais, o código eleitoral não vale mais, não vai ter PSDB nem PT, serão criados partidos novos. Vai ser uma república presidencialista ou parlamentarista? O povo vai decidir. Vai ter pena de morte? o povo vai decidir. Maconha vai ser liberado ou não? O povo decide. Porte de arma? Deixa o pessoal votar", defende Rebello.
Para o professor de relações internacionais da ESPM, Demétrius Pereira, deixar as questões sobre uma nova constituição para depois de conseguir a separação pode criar um vácuo jurídico.
"Na Catalunha já havia algo traçado, uma proposta mais clara de que o país seria uma república parlamentarista, diferente da Espanha, que é uma monarquia. O que eu percebo, no caso de São Paulo, é essa ausência de regras. Como votar um plebiscito sendo que não há uma regra clara sobre o que está se votando?" afirma.
Assim como o exemplo europeu, a intenção do SPL é lutar por uma mudança constitucional por meio de votação no congresso, que permita a possibilidade de um Estado sair do país. Mas, segundo Demétrius, se a separação entrasse em pauta no Congresso, o Brasil teria que repensar o funcionamento do próprio país.
"Deveria haver uma nova constituição ou pode haver uma guerra civil. Mas caso ocorra, São Paulo teria que começar do zero, definir seu status internacional e, por isso, teria soberania limitada, pois teria que buscar reconhecimento mundial. O mundo inteiro seria favorável a isso? Nesse ponto, o cidadão seria o mais prejudicado" indaga o professor.
Contra a revolução armada, Rebello defende o diálogo com o Legislativo. "Essa negociação tem que ser feita senão é igual velha aquela história: O Brasil parece um marido autoritário que quando a esposa está bem infeliz e pensando em pedir o divórcio, ele abre o jornal e fala: lembra daquela surra que eu te dei em 1932? Quer outra?’ Adianta ficar com um marido desse? Por pior que seja, é melhor separar", diz.
(In)dependência
O SPL se diz espelhar no "livre mercado" norte-americano e que, caso consiga a separação, o Brasil não se tornaria um inimigo, mas um parceiro comercial.
"A afirmação de que um país bem-sucedido precisa ter tudo em suas fronteiras, é um mito. Seríamos um grande parceiro comercial do Brasil, iríamos comprar energia, matéria prima, aço e produtos de agricultura e exportar os bens manufaturados. A autonomia que buscamos é política, cultural e social", afirma Rebello.
União
Segundo Demétrius Pereira, a solução para um mundo mais pacífico, em vez da separação, é a união entre os Estados. "Estados que antes eram soberanos abrem mão da sua soberania para fazer parte de uma federação, como foi o caso dos Estados Unidos e Alemanha. Esse movimento de integração gera paz entre os países. Esse nacionalismo não vai vingar, uma vez que o brasileiro se sente brasileiro. A nossa constituição é bastante respeitada, foi escrita por todos os Estados em comum acordo. Os entes federados têm a sua autonomia, seus governos próprios. O Brasil pode descentralizar, mas se for o desejo dos Estados membros, coisa que não vemos hoje. Parece que eles estão pedindo socorro socorro ao governo central ao invés de autonomia", finaliza.
Jampa Web Jornal
Fonte:destakjornal/Afonso Ribeiro/Redação: Jorge Correia
O grupo separatista nasceu com três membros em 2014, potencializado pela derrota do Brasil na Copa do Mundo. Em três anos, adquiriu 26 mil seguidores nas redes sociais e hoje, os fundadores viajam pelo Estado realizando palestras e cursos sobre a emancipação das terras que formam o território paulista.
"São Paulo está, há várias décadas, sofrendo genocídio cultural. Nós somos apagados, não se ensina cultura paulista nas escolas. No meu tempo, eu dançava quadrilha na escola, que é originalmente uma festa paulista. Meus filhos hoje dançam maracatu. Por que maracatu?" questiona Flávio Rebello, fundador do São Paulo Livre.
"Não estou falando que o povo paulista é melhor ou pior que os brasileiros. Nós somos diferentes. Culturalmente, nós estamos mais próximos de norte-americanos do que efetivamente de latinos e brasileiros, porque nós queremos o sucesso e buscamos o sucesso por esforço individual. Por isso que Bolsa Família e esse tipo de coisa não cola em São Paulo, é desagradável o próprio conceito disso por aqui", afirma Rebello.
Dados do Ministério do Desenvolvimento Social apontam que o Estado de São Paulo possui 1.600.868 famílias beneficiadas pelo Bolsa Família, aproximadamente 9% da população. O programa é voltado para famílias em situação de pobreza extrema (com renda mensal de até R$85 por pessoa) e de pobreza (com renda mensal entre R$85,01 e R$170,00 por pessoa).
Segundo a secretaria de Desenvolvimento Social, o Estado possui 1,5 milhão de famílias em situação de pobreza e extrema pobreza atendidas pelo Bolsa Família. No período de crise econômica, São Paulo ampliou reforços para garantir a cobertura dessas famílias, com aumento de 15% do programa nos últimos quatro anos.
O Bolsa Família atende famílias com renda per capita de até R$ 85 mensais, ou famílias com renda por pessoa entre R$ 85 e R$ 170 mensais, desde que tenham crianças ou adolescentes de até 17 anos.
Veja o vídeo:
Segundo Rebello, a maior inspiração do grupo é o movimento catalão, na Espanha. A Catalunha, deu início a um processo de separação controverso no ano passado, por meio de um plebiscito julgado como ilegal pelo governo espanhol, que acabou suspendendo a autonomia do Estado e anunciou novas eleições regionais.
Historicamente, no entanto, a Catalunha possui um histórico separatista e, inclusive, cultiva nas escolas um idioma diferente do castelhano, a língua oficial do país.
"Todos os males de São Paulo vêm da legislação. Não basta a gente se separar, o objetivo é literalmente começar do zero, passar uma linha no chão e falar: o código penal não vale mais, o código eleitoral não vale mais, não vai ter PSDB nem PT, serão criados partidos novos. Vai ser uma república presidencialista ou parlamentarista? O povo vai decidir. Vai ter pena de morte? o povo vai decidir. Maconha vai ser liberado ou não? O povo decide. Porte de arma? Deixa o pessoal votar", defende Rebello.
Para o professor de relações internacionais da ESPM, Demétrius Pereira, deixar as questões sobre uma nova constituição para depois de conseguir a separação pode criar um vácuo jurídico.
"Na Catalunha já havia algo traçado, uma proposta mais clara de que o país seria uma república parlamentarista, diferente da Espanha, que é uma monarquia. O que eu percebo, no caso de São Paulo, é essa ausência de regras. Como votar um plebiscito sendo que não há uma regra clara sobre o que está se votando?" afirma.
Assim como o exemplo europeu, a intenção do SPL é lutar por uma mudança constitucional por meio de votação no congresso, que permita a possibilidade de um Estado sair do país. Mas, segundo Demétrius, se a separação entrasse em pauta no Congresso, o Brasil teria que repensar o funcionamento do próprio país.
"Deveria haver uma nova constituição ou pode haver uma guerra civil. Mas caso ocorra, São Paulo teria que começar do zero, definir seu status internacional e, por isso, teria soberania limitada, pois teria que buscar reconhecimento mundial. O mundo inteiro seria favorável a isso? Nesse ponto, o cidadão seria o mais prejudicado" indaga o professor.
Contra a revolução armada, Rebello defende o diálogo com o Legislativo. "Essa negociação tem que ser feita senão é igual velha aquela história: O Brasil parece um marido autoritário que quando a esposa está bem infeliz e pensando em pedir o divórcio, ele abre o jornal e fala: lembra daquela surra que eu te dei em 1932? Quer outra?’ Adianta ficar com um marido desse? Por pior que seja, é melhor separar", diz.
(In)dependência
O SPL se diz espelhar no "livre mercado" norte-americano e que, caso consiga a separação, o Brasil não se tornaria um inimigo, mas um parceiro comercial.
"A afirmação de que um país bem-sucedido precisa ter tudo em suas fronteiras, é um mito. Seríamos um grande parceiro comercial do Brasil, iríamos comprar energia, matéria prima, aço e produtos de agricultura e exportar os bens manufaturados. A autonomia que buscamos é política, cultural e social", afirma Rebello.
União
Segundo Demétrius Pereira, a solução para um mundo mais pacífico, em vez da separação, é a união entre os Estados. "Estados que antes eram soberanos abrem mão da sua soberania para fazer parte de uma federação, como foi o caso dos Estados Unidos e Alemanha. Esse movimento de integração gera paz entre os países. Esse nacionalismo não vai vingar, uma vez que o brasileiro se sente brasileiro. A nossa constituição é bastante respeitada, foi escrita por todos os Estados em comum acordo. Os entes federados têm a sua autonomia, seus governos próprios. O Brasil pode descentralizar, mas se for o desejo dos Estados membros, coisa que não vemos hoje. Parece que eles estão pedindo socorro socorro ao governo central ao invés de autonomia", finaliza.
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Fonte:destakjornal/Afonso Ribeiro/Redação: Jorge Correia
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