MR8: 10 curiosidades históricas sobre o Movimento Revolucionário 8 de Outubro
Todo dia 04 de setembro, lembramos do sequestro do embaixador americano no Brasil, Charles Burke Elbrick, por militantes do MR-8. Este fato direciona nossa atenção para a história deste movimento, que teve uma atuação agressiva no período da ditadura militar brasileira. Assim, conheça 10 curiosidades sobre o MR-8.
Esta lista foi extraída e adaptada da Wikipédia. Para ter um conhecimento maior sobre o período e dos movimentos de contestação que surgiram neste contexto, leia o artigo 10 músicas de protesto à Ditadura Militar e também 10 Torturas da Ditadura Militar.
– MR-8 significa Movimento Revolucionário 8 de Outubro, uma organização política que participou da luta armada contra a ditadura militar brasileira e deseja a instalação de um governo socialista no país. O movimento surgiu em 1964 no meio universitário da cidade de Niterói, no Rio de Janeiro.
– Inicialmente, o movimento tinha o nome de Dissidência do Rio de Janeiro (DI-RJ). Mais tarde, foi rebatizado em memória à data da captura de Ernesto Che Guevara, na Bolívia, em 8 de outubro de 1967. O movimento teve várias atuações como guerrilha urbana.
– O MR-8 se tornou conhecido nacional e internacionalmente devido ao sequestro do embaixador norte-americano no Brasil, Charles Burke Elbrick, no dia 04 de setembro de 1969, realizado em conjunto com a Aliança Libertadora Nacional (ALN), de São Paulo.
– Fernando Gabeira, também militante, relatou o sequestro no livro “O que é isso, companheiro“, depois transformado em filme. O movimento conseguiu negociar a liberdade do embaixador em troca de 15 prisioneiros políticos, que embarcaram no avião Hércules 56 para o México, no dia 06 de setembro.
– Através do sequestro, o movimento também conseguiu chamar a atenção internacional para o governo repressor e autoritário que ocorria no Brasil. No entanto, o preço a pagar foi caro. Muitos integrantes do grupo foram duramente perseguidos e reprimidos, resultando na morte e prisão de muitos militantes.
– Com a morte de Lamarca, a maioria dos militantes se retirou para o Chile em 1972, sendo o grupo reestruturado posteriormente com outras orientações.A preferência por ações armadas deu lugar à atuação política, e o MR-8 foi abrigado no MDB, tendo Orestes Quercia como principal liderança.
– Além de Carlos Lamarca, Iara Iavelberg e Fernando Gabeira, também militaram no MR-8 Franklin Martins, Cid Benjamin, Cláudio Torres da Silva, Vera Silvia Magalhães, César Benjamin, Stuart Angel Jones, Daniel Aarão Reis Filho, Miguel Ferreira da Costa, entre outros.
– O MR-8 continua atuando até os dias de hoje, junto a diversas organizações políticas, como corrente no PMDB, sindicais e estudantis, tendo seus militantes participado de diversas diretorias da UNE. O seu braço juvenil é a Juventude Revolucionária Oito de Outubro (JR-8).
– Atualmente, o movimento organiza-se como o Partido Pátria Livre (PPL), fundado em 21 abril de 2009. O partido defende o socialismo científico. Seu símbolo é uma bandeira verde e amarela com uma estrela vermelha e a inscrição “Pátria Livre” e seu código eleitoral é o 54.
INFORMAÇÕES:
O Movimento Revolucionário 8 de Outubro foi uma organização política de ideologia comunista que participou da luta armada contra a ditadura militar brasileira.
Fundação: 1966
Motivos: Combate ao Regime Militar e censura, defesa de um Estado socialista
Ideologia: Marxista-leninista, Extrema-Esquerda
Principais ações: Guerrilhas, assaltos e sequestros (pré-1985); Participação política popular (pós-1985)
Área de atividade: Brasil
Ataque célebre: Sequestro do embaixador dos EUA Charles Burke Elbrick.
Abaixo leia na íntegra o manifesto elaborado pelo MR8 e pela ALN:
Manifesto da ALN e do MR-8
(seqüestro embaixador americano no Brasil)
Grupos revolucionários detiveram hoje o Sr. Charles Burke Elbrick, embaixador dos Estados Unidos, levando-o para algum lugar do país, onde o mantêm preso. Este ato não é um episódio isolado. Ele se soma aos inúmeros atos revolucionários já levados a cabo: assaltos a bancos, nos quais se arrecadam fundos para a revolução, tomando de volta o que os banqueiros tomam do povo e de seus empregados; ocupação de quartéis e delegacias, onde se conseguem armas e munições para a luta pela derrubada da ditadura; invasões de presídios, quando se libertam revolucionários, para devolvê-los à luta do povo; explosões de prédios que simbolizam a opressão; e o justiçamento de carrascos e torturadores.
Na verdade, o rapto do embaixador é apenas mais um ato da guerra revolucionária, que avança a cada dia e que ainda este ano iniciará sua etapa de guerrilha rural.
Com o rapto do embaixador, queremos mostrar que é possível vencer a ditadura e a exploração, se nos armarmos e nos organizarmos. Apareceremos onde o inimigo menos nos espera e desapareceremos em seguida, desgastando a ditadura, levando o terror e o medo para os exploradores, a esperança e a certeza de vitória para o meio dos explorados.
O sr. Burke Elbrick representa em nosso país os interesses do imperialismo, que, aliado aos grandes patrões, aos grandes fazendeiros e aos grandes banqueiros nacionais, mantêm o regime de opressão e exploração.
Os interesses desses consórcios, de se enriquecerem cada vez mais, criaram e mantêm o arrocho salarial, a estrutura agrária injusta e a repressão institucionalizada. Portanto, o rapto do embaixador é uma advertência clara de que o povo brasileiro não lhes dará descanso e a todo momento fará desabar sobre eles o peso de sua luta. Saibam todos que esta é uma luta sem tréguas, uma luta longa e dura, que não termina com a troca de um ou outro general no poder, mas que só acaba com o fim do regime dos grandes exploradores e com a constituição de um governo que liberte os trabalhadores de todo o país da situação em que se encontram.
Estamos na Semana da Independência. O povo e a ditadura comemoram de maneiras diferentes. A ditadura promove festas, paradas e desfiles, solta fogos de artifício e prega cartazes. Com isso ela não quer comemorar coisa nenhuma; quer jogar areia nos olhos dos explorados, instalando uma falsa alegria com o objetivo de esconder a vida de miséria, exploração e repressão que vivemos. Pode-se tapar o sol com a peneira? Pode-se esconder do povo a sua miséria, quando ele a sente na carne?
Na Semana da Independência, há duas comemorações: a da elite e a do povo, a dos que promovem paradas e a dos que raptam o embaixador, símbolo da exploração.
A vida e a morte do sr. Embaixador estão nas mãos da ditadura. Se ele atender a duas exigências, o sr. Elbrick será libertado. Caso contrário, seremos obrigados a cumprir a justiça revolucionária. Nossas duas exigências são:
a) A libertação de 15 prisioneiros políticos. São 15 revolucionários entre milhares que sofrem torturas nas prisões-quartéis de todo o país, que são espancados, seviciados, e que amargam as humilhações impostas pelos militares. Não estamos exigindo o impossível. Não estamos exigindo a restituição da vida de inúmeros combatentes assassinados nas prisões. Esses não serão libertados, é lógico. Serão vingados, um dia. Exigimos apenas a libertação desses 15 homens, líderes da luta contra a ditadura. Cada um deles vale cem embaixadores, do ponto de vista do povo. Mas um embaixador dos Estados Unidos também vale muito, do ponto de vista da ditadura e da exploração.
b) A publicação e leitura desta mensagem, na íntegra, nos principais jornais, rádios e televisões de todo o país.
Os 15 prisioneiros políticos devem ser conduzidos em avião especial até um país determinado - Argélia, Chile ou México -, onde lhes seja concedido asilo político. Contra eles não devem ser tentadas quaisquer represálias, sob pena de retaliação.
A ditadura tem 48 horas para responder publicamente se aceita ou rejeita nossa proposta. Se a resposta for positiva, divulgaremos a lista dos 15 líderes revolucionários e esperaremos 24 horas por seu transporte para um país seguro. Se a resposta for negativa, ou se não houver resposta nesse prazo, o sr. Burke Elbrick será justiçado. Os 15 companheiros devem ser libertados, estejam ou não condenados: esta é uma "situação excepcional". Nas "situações excepcionais", os juristas da ditadura sempre arranjam uma fórmula para resolver as coisas, como se viu recentemente, na subida da Junta militar.
As conversações só serão iniciadas a partir de declarações públicas e oficiais da ditadura de que atenderá às exigências.
O método será sempre público por parte das autoridades e sempre imprevisto por nossa parte. Queremos lembrar que os prazos são improrrogáveis e que não vacilaremos em cumprir nossas promessas.
Finalmente, queremos advertir aqueles que torturam, espancam e matam nossos companheiros: não vamos aceitar a continuação dessa prática odiosa. Estamos dando o último aviso. Quem prosseguir torturando, espancando e matando ponha as barbas de molho. Agora é olho por olho, dente por dente.
Ação Libertadora Nacional (ALN)
Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8)
Jampa Web Jornal
Fonte:história digital/JWJ/Jorge Correia/J.Alves
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