Condenado pelo Mensalão e denunciado na Lava-Jato, Pedro Corrêa já está no PR
Ex-deputado foi citado por delator da Lava Jato como recebedor de propina. Político vai cumprir prisão na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba.
O ex-deputado federal Pedro Corrêa (PP-PE), condenado pelo processo do Mensalão do PT e é agora um dos alvos da 11ª fase da Operação Lava Jato, desembarcou no Aeroporto Internacional Afonso Pena, no Paraná, por volta das 13h desta segunda-feira (13).
O ex-deputado teve a prisão preventiva decretada pela Justiça por suspeita de ligação com o doleiro Alberto Youssef, apontado como líder do esquema de corrupção, desvio e lavagem de dinheiro investigado pela Lava Jato.
Corrêa deixou o Centro de Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife, por volta das 3h30, escoltado por policiais federais até o Aeroporto Internacional dos Guararapes. Ele ficou em uma sala isolada no guichê da Polícia Federal no aeroporto e embarcou para o Paraná por volta das 5h40.
Ele chegou à Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, às 14h10, onde já estão os ex-deputados Luiz Argôlo (SD-BA) e André Vargas (sem partido), que também foram presos na 11ª fase da Operação Lava Jato por suspeita de envolvimento com Youssef.
As acusações
Pedro Corrêa foi condenado a 7 anos e 2 meses de prisão no processo do Mensalão por recebido dinheiro em troca de apoio político no Congresso ao governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Até este novo mandado de prisão, o político cumpria a pena em regime semiaberto no Centro de Ressocialização do Agreste (CRA), em Canhotinho, Agreste de Pernambuco.
Nas investigações sobre o esquema de corrupção na Petrobras, ele teve o nome citado pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, como recebedor de propina de R$ 5,3 milhões.
Transferência
A transferência de Pedro Corrêa para a carceragem da Polícia Federal em Curitiba foi autorizada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), na sexta-feira (10). Barroso é responsável pelas execuções penais do presos no processo do Mensalão.
No mandado de prisão preventiva – cujo prazo é indefinido e visa prevenir a ocorrência de novos crimes – o juiz Sergio Moro, responsável pelos processos relacionados à Operação Lava Jato em primeira instância, autorizou o uso de algemas caso os policiais considerem necessário.
Preso em dezembro de 2013
Após ser condenado pelo processo do Mansalão, Corrêa se entregou à PF em Brasília em dezembro de 2013 e foi transferido no mesmo mês para Recife. Em abril do ano passado, foi autorizado a trabalhar fora do presídio como médico, mas depois passou a trabalhar na cocheira no Centro de Ressocialização do Agreste, em Canhotinho, a 210 quilômetros do Recife.
Em março deste ano, o Fantástico mostrou que a cela do ex-deputado conta com banheiro individual, TV de tela plana, DVD, ventilador e fogão com botijão de gás. A defesa dele chegou a pedir redução da pena por trabalho e estudo, mas o juiz responsável pela execução da pena negou, apontando suspeitas sobre se realmente cumpriu as jornadas.
Lava Jato
No caso da Lava Jato, Paulo Roberto Costa, que assinou acordo de delação premiada para repassar informações sobre o esquema de corrupção e desvio de dinheiro na Petrobas, disse que dinheiro oriundo de propina foi repassado ao ex-deputado no primeiro semestre de 2010 para abastecer a campanha eleitoral.
Quando as declarações de Costa se tornaram públicas, o advogado do ex-deputado, Clóvis Corrêa, disse que desconhecia o recebimento de qualquer quantia em dinheiro para o financiamento de campanha de seu cliente.
Nesta sexta-feira, dia em que foi deflagrada a 11ª fase da Lava Jato, a PF disse que o ex-deputado continuou recebendo uma espécie de "mesada" mesmo após ter tido o mandato cassado na Câmara dos Deputados em 2012. Alguns pagamentos, de acordo com a Polícia Federal, foram feitos pelo doleiro Alberto Youssef.
“Segundo depoimento de delatores, ele recebia uma espécie de mesada. Nós identificamos uma série de pagamentos do Youssef que foi feita para ele [Pedro Corrêa], para familiares, para assessores e para empresas por ordem dele”, afirmou o delegado federal Márcio Ancelmo. Ainda conforme o delegado, as “mesadas” continuaram em virtude da força política de Pedro Corrêa.
Jampa Web Jornal
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