O HOMEM: UM SER SOCIAL
O Homem age em função dos seus desejos e aspirações, ou age em conformidade com os impulsos ideológicos enraizados na sociedade que compõem o arcabouço de conhecimentos que ele denomina cultura ? Será que o homem pensa e age ? Ou será que ele age sem pensar em função do que os outros pensam – ou devem pensar – sobre ele ?
Se seguimos o rastro de Aristóteles, e apontamos o homem como um "animal social", ou seja, como um ser que vive e se realiza através do "convívio social", tornar-se-á inevitável aceitar que o homem sofre inúmeras interferências do meio social no qual encontra-se inserido. Contudo, o "elemento humano" não se apresenta meramente como um ser passivo que sofre as interferências das pessoas que o circundam e reage de forma aceptível. Esse elemento também interfere no meio de forma ativa, criando e transformando a sociedade e seus componentes. Convive com seus semelhantes numa espécie de "dialética existencial" onde os elementos formadores da estrutura existencial duma pessoa interagem com os elementos estruturais da outra e formam uma complexa cadeia de ideologias e estereótipos que se permutam de forma intensa. Diante desta confusa e complexa "interação" – que não é estática, mas, dinâmica – os traços pessoais do indivíduo se confundem e ele, por muitas vezes, passa a agir em função do pensamento do outro.
Rousseau, em seu "Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens (1754/55)", já nos alerta para as inúmeras formas de destruição do homem pela sociedade. O homem nasce bom, a sociedade é que o perverte. O homem em seu estado natural é um ser puro, desprovido de quaisquer formas de corrupção. O homem natural é o elemento que objetiva realizar seus desejos igualmente naturais. Contudo, através do seu convívio na sociedade ele adquire novas "necessidades", e com elas, surgem novos desejos que objetivam ser realizados. Através do convívio social o homem torna-se um ser degradado e decompõe suas estruturas. O homem cria suas suas novas necessidades, surgidas através do convívio em sociedade, e assim sendo, deseja satisfazê-las. Desta forma, passa a agir em função disso.
É inconcebível tentarmos avaliar a conduta humana fora da sociedade. É diante da sociedade que o homem demonstra seus desejos e esboça as suas ações. Sendo assim, pode-se dizer que o homem age objetivando satisfazer seus desejos e aspirações. Entretanto, para satisfazê-los, tenta agir em conformidade com as normas sociais que "regulam" suas ações: as leis. Logo, o homem age objetivando adquirir o seu "objeto do desejo" desde que os meios utilizados para tal, não ultrapassem os limites determinados pela lei. A lei, por sua vez, consiste num subproduto da ideologia cultural de uma sociedade, visto que, ela varia de sociedade para sociedade, conforme a conduta de seus elementos constitutivos.
Pela força da lei, o homem torna-se obrigado a pensar nas suas atribuições, e nas formas, cada vez mais estreitas, de poder realizar os seus desejos. Sendo assim, o homem coerente jamais age sem pensar, pois ele sempre verifica o que os outros podem pensar acerca da sua conduta.
Em suma, as ideologias culturais determinam as formas "possíveis" para que o homem atinja a realização dos seus objetivos, mas, não impossibilitam sua realização – salvo em casos prescritos pela lei em suas condições de impossibilidade.
Inúmeros são os questionamentos acerca da conduta do homem e dos elementos propulsores que impulsionam suas ações, assim como, inúmeras também são as abordagens efetuadas acerca desta temática.
Jampa Web Jornal
Eduardo Chagas
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