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Sistema carcerário é prisão política

O Brasil tem a quarta maior população carcerária do mundo e um sistema prisional superlotado. O deficit de vagas (quase 200 mil). A população carcerária no Brasil é formada basicamente por jovens, pobres, negros, homens e com baixo nível de escolaridade.

Os dados estatísticas de 2008 do Departamento penitenciário nacional indicam que mais da metade dos presos tem menos de trinta anos; 95% são pobres, 93,88% são do sexo masculino, dois terços não completaram o ensino fundamental e também dois terços são negros.

Desde que começaram os protestos em junho a única resposta concreta por parte do Estado tem sido o aumento da repressão. O saldo desta já conta milhares de vítimas entre presos, processados, feridos –incluindo casos de perda de visão devido a estilhaços de bombas e balas de borracha – e mesmo mortos.

Mas a prisão política vai muito além disso, estende-se também as consequências do descaso e da marginalização de grande parte da população.

Todo preso tem um pouco de preso político. Isso porque a prisão não recupera e nem tenta fazer, antes afunda mais qualquer um que entre nela. Isso se vê, por exemplo, nas políticas de celas especiais para pessoas formadas no ensino superior em determinados cursos como direito e economia - essa política já torna gritante a característica política das cadeias.

Muito antes de voltarmos a ver a incidência de prisões políticas no Brasil como vemos hoje – lembrando que ainda temos dois presos políticos devido as manifestações: Rafale Braga e Jair Seixas (o Baiano) - o tráfico já prendia buchas enquanto deixava solto milionários.

Esse momento muitos torcem o nariz e indagam "Comparar presos políticos com traficantes?".

Pensem, todo processo de criminalização da pobreza se dá no momento em que os únicos a serem punidos são a ponta iceberg, aqueles que qualquer um sabe que quando presos, ou na maioria das vezes morto, pelas mãos do estado através de sua polícia, não diminuirá em nada a criminalidade e muito menos o tráfico.

Na mesma proporção em que um dos ditos favelados traficantes morrem ou é preso, outros muitos são criados pelo sistema. As prisões estão cada vez mais lotadas. Todo dia um amarildo morre. E a criminalidade e a violência não diminui.

A prisão é feita para o pobre

O estado não é burro, sabe que suas políticas não diminuem a criminalidade, eles querem manter o tráfico. É lucrativo e todos os magnatas que manipulam o processo político se beneficiam com ele. A marginalização do pobre, o incentivo a esse processo de criminalidade trás consigo a manutenção do status quo ao mesmo tempo que ao enviar a polícia para a favela mantém a população acreditando que estão fazendo algo para diminuir tudo isso.

Vejam bem, não estamos falando que todo preso é vítima, mas estamos atentando para essa "consciência" que faz com que a maioria seja de origem pobre. A prisão é feita para o pobre e é interessante para o sistema que continue assim. Um processo de regresso social.

“Quem estão punindo com a leis penais cada vez mais severas? O problema é menos a impunidade e mais a seletividade do sistema penal". E uma seletividade proposital! Só está preso quem é pobre, negro e favelado, os excluídos da sociedade. Para resolver o problema da segurança não adianta construir mais cadeias: só o fim da desigualdade social vai trazer paz para todos! Querem melhorar a segurança pública? Preocupem-se com a educação e a extrema desigualdade social que assola o país.

"O ladrão de seis galinhas tá no presídio,
O banqueiro tá livre por que tem endereço fixo
Sonha que o congresso vai aprovar lei mais severa
É o mesmo que o deputado atirar na própria testa"
Facção Central - Hoje deus anda de blindado.

Obs.: Esse é o retrato do Brasil, mas não podemos nos esquecer que também reflete a maioria dos sistemas penitenciários de todo o mundo.

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