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10 anos de youtube: paraibana está entre os destaques dessa história

Numa tarde em 2012, Jefferson, Suellen e a mãe, Mara, sentaram-se no sofá de casa e gravaram um cover do hit gospel “Galhos secos”, da banda Êxodos. A filmagem não saiu como planejada. Quando o rapaz se empolgou no refrão, a irmã caiu na gargalhada e a mãe, assustada, foi embora. Mas os irmãos da dupla “Para Nossa Alegria” nunca poderiam imaginar que a trapalhada, publicada no YouTube dias depois, transformaria suas vidas. O clipe conquistou mais de 30 milhões de acessos e os cantores de Parelheiros, Zona Sul de São Paulo, passaram a tocar em programas de TV e a fazer shows todos os fins de semana, em vários estados.

— Gravamos um CD e tivemos a oportunidade de fazer eventos para crianças, jovens e adultos. Agora nos sustentamos com isso — conta Jefferson Barbosa, aos 22 anos, e que hoje se desdobra entre o curso de técnico de enfermagem e a agenda de eventos com a irmã. Antes do estouro, os três viviam com um salário mínimo por mês, que Mara ganhava como faxineira.

Assim como eles, incontáveis brasileiros tiveram suas vidas impactadas pelo site, que chega este mês aos dez anos no ar com 1 bilhão de usuários mensais.

— O YouTube transformou os vídeos caseiros em fenômenos de mídia — diz o cineasta Newton Cannito, autor do livro “A televisão na era digital”. — Antes, o que era considerado de qualidade eram produções profissionais. O YouTube abriu as portas para o sucesso do amador.

Para Alvaro Paes de Barros, diretor do YouTube no Brasil, a plataforma evoluiu nos últimos dez anos de uma simples solução de compartilhamentos de vídeos para um destino de entretenimento e produção recorrente:

— O site teve impacto grande na forma que consumimos e produzimos conteúdo on-line. E ele acaba sendo uma plataforma muito democrática. Qualquer um pode subir um vídeo para ela.

A popularidade do site no Brasil ajuda a explicar histórias como a da família de Jefferson: o país é o segundo em consumo de conteúdo no YouTube, e o terceiro em uploads.

São casos como o de Luane Dias — que em seus vídeos para lá de sinceros avisa para as amigas que usam as redes sociais como diário: “Tá desnecessário. Tá feia, tá escrota”. Por conta da sua desenvoltura com a câmera do celular, a carioca virou comentarista no programa “Esquenta”, da Rede Globo.

Para Deive Pazos, sócio da rede de canais de YouTube Amazing Pixel e cofundador do site Jovem Nerd, a plataforma de vídeos possui uma dinâmica que aproxima o produtor e o consumidor de conteúdo on-line. O que, em muitos casos, explica a popularidade de figuras que aparecem nele:

— As pessoas passam a ter uma relação maior com os personagens dos vídeos, que se tornam reconhecíveis. É curioso, porque você passa a ter pessoas que vão ao estrelato do dia para noite. Mas criar um viral é fácil. O difícil é manter um trabalho consistente.

É o caso do funkeiro Vitinho, que se tornou popular na internet em 2011 como vocalista do grupo Avassaladores, após o vídeo “Sou foda” estourar. Mas as 13 milhões de visualizações no site não foram suficientes para manter o bonde unido. Em carreira solo, o funkeiro tentou emplacar novas faixas, mas não teve sucesso. Ano passado, ao perder a mãe, entrou em depressão.

— Minha mãe era minha guia. Fiquei desorientado. Pensei em arranjar um emprego e deixar a carreira artística. Tinha que dar um jeito de sustentar minha filha, hoje com 2 anos — lembra ele, aos 21.

No auge, os Avassaladores faziam até cinco shows por noite. Vitinho ganhava R$ 2 mil por semana. Com o dinheiro, o funkeiro construiu uma casa nova na comunidade onde mora, Jardim América, comprou carro, moto, roupas... Mas precisou vender os bens. Agora, tenta se reerguer. Na semana passada, lançou uma nova música: “Os preferidos por elas”.

Criadora do bordão “e teve boatos de que eu estava na pior”, Luisa Marilac hoje trabalha como auxiliar de serviços gerais em um hotel de São Paulo. Em 2011, quando o vídeo estourou, voltou da Espanha para o Brasil e começou a “fazer presença” em eventos. Cobrava de R$ 3 mil a R$ 5 mil.

— Passei a vida sendo maltratada por ser travesti. Só depois da fama que comecei a ser tratada como ser humano — revela.

E ainda há os casos dos virais da web que preferiram não aproveitar a fama. A nutricionista Ruth Lemos, que deu origem ao meme “sanduíche-iche” em 2005, após se confundir com o retorno do seu áudio durante uma entrevista para um telejornal, chegou a receber propostas para fazer comerciais de lanchonetes, mas nunca aceitou.

Já Luiza Rabello (a Luiza do Canadá), viralizou na rede devido a um comercial de TV “estrelado” por seu pai, mas optou pela odontologia.

— A Luíza do Canadá foi uma coisa passageira, um personagem que eu criei. Sou reservada e nunca quis virar uma subcelebridade — comenta a estudante.


Gerardo Rabello, um célebre jornalista de João Pessoa, deixou sua filha famosa ao dizer, em um comercial de TV sobre um novo condomínio de luxo: “Fiz questão de reunir toda a minha família, menos Luíza, que está no Canadá, para recomendar este empreendimento”. O anúncio era do difício Boulevard Saint Germain, “o novo endereço da sociedade paraibana”, mas o comentário descabido — que, segundo Gerardo, fez sentido para os frequentadores de seu círculo social — virou meme na web. A intercambista, à época com 17 anos, então voltou ao Brasil, a pedido do pai, para aproveitar a fama-relâmpago.

A jovem lucrou indo a eventos e apareceu em anúncios do Boulevard Saint Germain (que virou “o apartamento da Luíza”) e da rede Magazine Luiza. Também deu um passeio pela São Paulo Fashion Week (edição de inverno de 2012) e foi mais assediada do que as modelos das passarelas.

— Foi surreal — avalia Luíza, lembrando do assédio. — Por um lado, foi positivo, porque guardei dinheiro, investi em algumas coisas. Mas não era algo que eu tinha sonhado para a minha vida. Não queria ser uma subcelebridade famosa por uma bobagem, sem ter nada a oferecer.

Luiza diz que só topou a exposição para ajudar o pai.

— Fui utilizada como instrumento na vida do meu pai. Foi bom para a imagem dele — comenta a estudante, que garante não ter sido forçada a nada. — Minha relação com ele é ótima! Foi tudo conversado em família. Fizemos um trato: eu aproveitaria a onda por um tempo, mas depois pararia. Fiz pela minha família.

Hoje com 20 anos, Luíza cursa odontologia no Centro Universitário de João Pessoa (Unipê). A profissão vem de família: sua mãe, seus avós e seus tios também são dentistas. A estudante, no entanto, não voltou para o Canadá desde o intercâmbio, por falta de oportunidade, mas deve matar a saudade em breve, já que a irmã mais nova, agora com 13 anos, pensa em também estudar no país.

— É um dos lugares mais legais que já visitei no mundo — analisa.




Jampa Web Jornal
O Globo

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