Por que Lula está com um pé no Planalto
Nomeação para cargo palaciano uniria Dilma, Lula e PT contra a Lava Jato e daria sobrevida ao governo.
Lula teme que se consagre a ideia de sua nomeação ser confissão de culpa. Prefere ver emplacar outra versão, a de salvador da pátria governista.
Em entrevista convocada nesta sexta-feira 11 para negar boatos de que renunciará, Dilma Rousseff disse “que teria um grande orgulho” em contar com o antecessor no governo. Lula está mesmo com um pé no Palácio do Planalto e só não houve ainda uma decisão a respeito em função do pedido de prisão preventiva dele e das manifestações “Fora Dilma” marcadas para o domingo 13.
A presença de Lula em um cargo no Planalto cumpriria dois objetivos. Por um lado, afirma um ministro, uniria de vez Dilma, Lula e o PT para enfrentar o juiz Sergio Moro e a força-tarefa da Lava Jato. Para o núcleo duro governista, o objetivo de Moro e da Lava Jato seria fechar o PT, derrubar a presidenta e tirar o antecessor da vida pública.
Por outro lado, diz um segundo ministro, Lula no Planalto daria impulso a um governo em apuros, com seu “magnetismo”. Conforme este ministro, Dilma aceita Lula na equipe, falta a concordância do próprio, a pesar prós e contras. O ex-presidente teme que se consagre a ideia de sua nomeação ser confissão de culpa e tentativa de fugir de Moro e da cadeia. Prefere ver emplacar outra versão, a de salvador da pátria governista.
As repentinas conversas do presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), com líderes do PSDB sobre soluções para a crise política vieram bem a calhar aos propósitos lulistas de parecer um salvador. Nestas conversas entre Calheiros e tucanos, falou-se de tudo: permanência de Dilma no cargo, impeachment, cassação da presidenta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Para um amigo e velho colaborador de Lula, é hora de construir um governo petista de coalizão. Em outras palavras, de Dilma ceder parte do poder presidencial e reparti-lo com o PT, via Lula. Do contrário, ela não tomará as providências que Lula e o partido crêem urgentes na política e na economia.
Segundo este lulista, a decisão sobre a nomeação do ex-presidente sairá “quando baixar a poeira” do pedido de prisão de Lula feito pelo Ministério Público de São Paulo. Nomeá-lo com o tema na crista da onda poderia ser visto como um movimento político muito agressivo perante a opinião pública.
Para Dilma, “o pedido de prisão do presidente Lula passou de todos os limites”. Na entrevista em que garantiu que não renunciará, disse que “é um ato que ultrapassa ao bom senso, é um ato de injustiça e é um absurdo que um país como o nosso assista calmamente um ato desses contra uma liderança política responsável por grandes transformações no País, respeitado internacionalmente.”
Segurar mais um pouco a decisão tem outras vantagens para Lula e o Planalto. Se a nomeação se confirmasse antes dos protestos anti-Dilma do domingo 13, poderia haver um acirramento dos ânimos por parte dos manifestantes. Além disso, enquanto a hipótese de Lula assumir um ministério corre o noticiário, ele e o Planalto podem medir o tamanho de eventuais resistências ou de ações judiciais imputadas contra a nomeação.
A possibilidade de Lula entrar no governo começou a circular na internet na terça-feira 8, o Dia das Mulheres, pouco antes de ele ir ao Palácio da Alvorada jantar com Dilma. Um convescote com três testemunhas - os ministros Jaques Wagner (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) e o governador de Minas, Fernando Pimentel – e nenhum relato público.
Embora tenham sido mencionados os ministérios das Relações Exteriores e Comunicações como destinos possíveis para o ex-presidente, não eram opções para ser levadas a sério. O cálculo em Brasília coloca Lula dentro do Palácio do Planalto, na condição de timoneiro político do governo. Se na Casa Civil ou na Secretaria de Governo, é questão de um mero arranjo.
Jampa Web Jornal
André BarrocalLula teme que se consagre a ideia de sua nomeação ser confissão de culpa. Prefere ver emplacar outra versão, a de salvador da pátria governista.
Em entrevista convocada nesta sexta-feira 11 para negar boatos de que renunciará, Dilma Rousseff disse “que teria um grande orgulho” em contar com o antecessor no governo. Lula está mesmo com um pé no Palácio do Planalto e só não houve ainda uma decisão a respeito em função do pedido de prisão preventiva dele e das manifestações “Fora Dilma” marcadas para o domingo 13.
A presença de Lula em um cargo no Planalto cumpriria dois objetivos. Por um lado, afirma um ministro, uniria de vez Dilma, Lula e o PT para enfrentar o juiz Sergio Moro e a força-tarefa da Lava Jato. Para o núcleo duro governista, o objetivo de Moro e da Lava Jato seria fechar o PT, derrubar a presidenta e tirar o antecessor da vida pública.
Por outro lado, diz um segundo ministro, Lula no Planalto daria impulso a um governo em apuros, com seu “magnetismo”. Conforme este ministro, Dilma aceita Lula na equipe, falta a concordância do próprio, a pesar prós e contras. O ex-presidente teme que se consagre a ideia de sua nomeação ser confissão de culpa e tentativa de fugir de Moro e da cadeia. Prefere ver emplacar outra versão, a de salvador da pátria governista.
As repentinas conversas do presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), com líderes do PSDB sobre soluções para a crise política vieram bem a calhar aos propósitos lulistas de parecer um salvador. Nestas conversas entre Calheiros e tucanos, falou-se de tudo: permanência de Dilma no cargo, impeachment, cassação da presidenta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Para um amigo e velho colaborador de Lula, é hora de construir um governo petista de coalizão. Em outras palavras, de Dilma ceder parte do poder presidencial e reparti-lo com o PT, via Lula. Do contrário, ela não tomará as providências que Lula e o partido crêem urgentes na política e na economia.
Segundo este lulista, a decisão sobre a nomeação do ex-presidente sairá “quando baixar a poeira” do pedido de prisão de Lula feito pelo Ministério Público de São Paulo. Nomeá-lo com o tema na crista da onda poderia ser visto como um movimento político muito agressivo perante a opinião pública.
Para Dilma, “o pedido de prisão do presidente Lula passou de todos os limites”. Na entrevista em que garantiu que não renunciará, disse que “é um ato que ultrapassa ao bom senso, é um ato de injustiça e é um absurdo que um país como o nosso assista calmamente um ato desses contra uma liderança política responsável por grandes transformações no País, respeitado internacionalmente.”
Segurar mais um pouco a decisão tem outras vantagens para Lula e o Planalto. Se a nomeação se confirmasse antes dos protestos anti-Dilma do domingo 13, poderia haver um acirramento dos ânimos por parte dos manifestantes. Além disso, enquanto a hipótese de Lula assumir um ministério corre o noticiário, ele e o Planalto podem medir o tamanho de eventuais resistências ou de ações judiciais imputadas contra a nomeação.
A possibilidade de Lula entrar no governo começou a circular na internet na terça-feira 8, o Dia das Mulheres, pouco antes de ele ir ao Palácio da Alvorada jantar com Dilma. Um convescote com três testemunhas - os ministros Jaques Wagner (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) e o governador de Minas, Fernando Pimentel – e nenhum relato público.
Embora tenham sido mencionados os ministérios das Relações Exteriores e Comunicações como destinos possíveis para o ex-presidente, não eram opções para ser levadas a sério. O cálculo em Brasília coloca Lula dentro do Palácio do Planalto, na condição de timoneiro político do governo. Se na Casa Civil ou na Secretaria de Governo, é questão de um mero arranjo.
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