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O PIBB VAI AUMENTAR: Brasil ruma em direção à Venezuela com Bolsonaro, diz doutor em Direito e professor da USP


Segundo o doutor em Direito e professor da USP, Conrado Hübner Mendes, em matéria publicada na Época desta semana, há quem vote em Jair Bolsonaro porque deseja o crescimento do PIBB – o Produto Interno da Brutalidade Brasileira. O PIBB é indicador a ser construído para traduzir nossa cota de incivilidade em números e agregar nossos recordes mundiais em homicídios, crimes de ódio, encarceramento, violência estatal e assim por diante. Quem vota assim é inimigo não só da democracia, mas teu também, pois pode te matar, espancar teu filho “excêntrico” ou sua namorada “com cara de feminista” a qualquer momento. A parcela maior dos eleitores de Bolsonaro, contudo, faz um voto de fé no crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), no aumento da riqueza que a inteligência de Paulo Guedes poderá gerar. Repetindo: um voto de fé não na inteligência do candidato, mas do assessor que se supõe perpétuo.

Com o primeiro time, não temos muito o que discutir, apenas torcer para que a polícia, o judiciário e o Código Penal funcionem. Já o segundo time, dotado de racionalidade, terá de esclarecer melhor seu cálculo e prestar contas sobre o eventual erro, “esse erro que nenhum arrependimento será capaz de reparar”, no verso de Arnaldo Antunes.

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Descobriu-se, também, que a violência é um pesado obstáculo ao crescimento por reduzir diversificação e complexidade econômica, além de romper laços de confiança e reciprocidade social. Uma democracia inclusiva e não facciosa, ao contrário, facilitaria o desenvolvimento econômico consistente.

A plataforma política de Bolsonaro ignora absolutamente a conexão entre crescimento econômico de um lado e a qualidade do estado de direito de outro. Para ficar no exemplo mais grotesco, o candidato propõe, no país em que mais se mata com arma de fogo no mundo, a liberação geral das armas e uma polícia que atira para matar como solução de segurança pública.

Esse “voto racional” em Bolsonaro, ao que parece, obedece a padrões de racionalidade que filósofos, juristas, economistas e comentaristas internacionais desconhecem. Contabilizemos as dezenas de alertas vindos da imprensa internacional que atravessa o espectro político da direita à esquerda: da Economist ao Zeit, do Le Figaro ao Corriere della Sierra, de Financial Times a, pasmem, Fox News, assustados com a recaída autoritária brasileira sob liderança, nas suas palavras, de um personagem “neofascista” e “faxineiro racista”.

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Rumo à Venezuela, pela direita

Eleitores de Bolsonaro acreditam que caminhávamos nessa direção, pela esquerda. O equivocado apoio de governos petistas a esse país, já rechaçado por Fernando Haddad, servia como evidência suficiente para demonstrar essa hipótese, pouco importando as contra-evidências oferecidas pela vida institucional brasileira dos últimos 20 anos. Nesse período, a coluna vertebral das instituições democráticas manteve-se intacta mesmo quando um líder popular como Lula tinha força para rompê-la. Ironicamente, esse eleitor tão confiante no seu tirocínio político, optou pelo mesmo destino. Dessa vez pela direita, e numa via expressa. É a Venezuela que você teme? Jair oferece o mapa e nos leva pelas mãos.

Ser contra a venezuelização do Brasil e votar em Bolsonaro é uma contradição performativa (aquele ato que faz o contrário da intenção declarada). Não é contradição indolor, pois afeta uma vida e um país como nenhuma outra escolha nos últimos 30 anos. A Venezuela não se converteu na grande fábula de advertência por ser “de esquerda”, como se disseminou na cartilha da manipulação política. Chegou até aqui porque o regime implodiu instituições democráticas.



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Fonte:DCM/Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil/Agência Brasil/JWJ/Jorge Correia/J.Alves

 
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